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AIDS em Crianças e Adolescentes

Neste Artigo:

- Introdução
- Características da Epidemia de HIV em Mulheres em Idade Fértil nos EUA
- Características da AIDS e Infecção pelo HIV em Crianças dos EUA
- Infecções Oportunistas (IO)
- Efeito Mundial da Infecção de Crianças por HIV
- Conclusão
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Desde o primeiro caso de AIDS em crianças, publicado em 1982, essa doença tem sido causa de muito sofrimento entre essa faixa etária. Em 1997, a AIDS passou a ser a 11º causa de morte de crianças entre 1 a 4 anos de idade. A transmissão perinatal, ou seja, de uma mulher grávida com HIV para o feto, é responsável por 90% dos casos de AIDS em crianças. É estimado que cerca de 6.000 a 7.000 crianças nasceram com HIV desde 1989 e mais de 16.000 crianças infectadas durante ou perto do parto já nasceram desde o início da epidemia. Vários avanços, especialmente nos últimos 5 anos, com relação à transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção da infecção pelo HIV em crianças têm modificado tais números na atualidade.

Introdução

Um estudo realizado pela Dra. Mary Lou Lindegren e colaboradores, da Divisão de Prevenção, Controle e Epidemiologia de HIV/AIDS do Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos EUA procurou demonstrar os números atuais com respeito às várias características dessa infecção na faixa etária pediátrica e adolescentes. Um resumo desse estudo foi publicado na revista médica Pediatric Clinics of North America de fevereiro deste ano.

Desde 1994, através dos resultados de um estudo que utilizou AZT (droga contra o HIV), em grávidas infectadas pelo HIV (vírus da AIDS), foi confirmada uma imensa diminuição (de 25% para 8%) da transmissão do vírus pelas mães que fizeram uso da droga. Desde então, tem-se tentado fazer o teste de HIV em todas as gestantes a nível mundial. A rápida aceitação das mães em realizar o teste tem resultado em uma diminuição dramática da transmissão perinatal de HIV, nos últimos cinco anos. Outros fatores podem reduzir ainda mais a transmissão: cesariana programada, tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, evitar e se possível proibir a amamentação (o vírus passa pelo leite) o que é muito difícil em países subdesenvolvidos, pois essa tem sido uma maneira eficaz de se diminuir a mortalidade infantil.

Para que esses ganhos possam continuar ocorrendo e se possível aumentando, deve-se reforçar a implementação dos programas de pré-natal, fazendo-se o teste de HIV e no caso de positivo, disponibilizar encaminhamentos para centros especializados em acompanhar tais gestantes para que se possa fazer o uso correto do AZT e das demais orientações.

Outro dado importante é o de que hoje em dia, com o tratamento eficaz, consegue-se controlar a infecção nas crianças, sendo que muitas delas atingem a adolescência ainda muito saudáveis. Por isso, é importante que haja programas educacionais para esses adolescentes.

Características da Epidemia de HIV em Mulheres em Idade Fértil nos EUA

Entre 1993 e 1998 a proporção de mulheres com AIDS aumentou de 16% para 20%. O número de pessoas vivendo com AIDS aumentou devido à combinação de várias drogas no tratamento do HIV e das infecções oportunistas. O número de mulheres com HIV (portadoras do vírus) é de duas a cinco vezes maior do que o número de mulheres com AIDS (já com a doença). Por isso, a importância da prevenção nas gestantes, como foi dito acima. Estima-se que haja 120.000 a 160.000 mulheres HIV positivas nos EUA sendo que 80% dessas estão em idade fértil. No Brasil, a proporção não deve ser diferente, se não for maior, já que a infecção pelo HIV passou da classe média para a classe pobre e marginalizada. O número de casos de transmissão em mulheres por uso de drogas injetáveis têm diminuído em relação à transmissão por contato heterossexual.

Para se ter uma idéia da transmissão mãe-filho nos EUA, cerca de 6.000 a 7.000 mulheres HIV positivas dão a luz a cada ano. Caso não seja feita nenhuma prevenção, 1.000 a 2.000 crianças nascerão infectadas.

Características da AIDS e Infecção pelo HIV em Crianças dos EUA

A maioria das crianças acometida é da raça negra ou hispânica. A maioria das transmissões foi perinatal (91%) e 7% por transfusão de sangue contaminado. As crianças contaminadas pela mãe geralmente descobrem antes dos cinco anos, ao contrário daquelas contaminadas por sangue transfundido que descobrem com cinco anos ou mais.

Infecções Oportunistas (IO)

São muito comuns na AIDS, ocorrendo depois de algum tempo de infecção pelo HIV. O aparecimento da primeira IO leva a mudança do estado de HIV positivo para AIDS propriamente dita. Existem IOs em qualquer órgão do corpo humano. Nas crianças, a IO mais comum que aparece primeiro é uma pneumonia causada por um fungo chamado Pneumocistis carinii. Esse é um microorganismo que normalmente não afeta os pulmões, pois as células de defesa do corpo o impedem. Assim, sua presença é sinal fortemente sugestivo de deficiência de defesa o que faz pensar em AIDS. Geralmente acomete crianças de 3 a 6 meses de idade, sendo a maior condição definidora de AIDS em crianças com menos de um ano de idade.

A progressão da AIDS nas crianças tem tido um curso bimodal, sendo que 15% a 20% progridem rapidamente para o óbito antes dos quatro anos de vida enquanto o restante progride lentamente.

A maior forma de transmissão de HIV entre os adolescentes parece ser a sexual, daí a importância de projetos de educação sexual para essa classe, muitas vezes esquecida pelas autoridades.

Não se pode esquecer do abuso sexual que pode ser também uma forma de transmissão para crianças e adolescentes. Nos EUA, em 1995, foram notificados 125.000 abusos infantis.

Efeito Mundial da Infecção de Crianças por HIV

Aproximadamente 600.000 crianças em todo o mundo foram infectadas pelo HIV em 1997, sendo a maioria por transmissão perinatal. O desafio está em controlar essa transmissão através de esforços coletivos e garantir a utilização da medicação durante a gravidez em todo o mundo, principalmente nas áreas mais pobres.

Conclusão

A possibilidade de reduzir para aproximadamente zero o número de transmissão perinatal depende do empenho do governo em promover programas de pré-natal descentes. Infelizmente, estes programas não são vistos em várias áreas das grandes cidades e principalmente, naquelas mais afastadas.

Fonte: Ped Clinics of North Am 2000;47(1):1-16.

Copyright © 2000 eHealth Latin America             09 de Outubro de 2000


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