Artigos de saúde
Nos Casos de Desastres
Agilidade para chamar um serviço de emergência – dar um suporte psicológico até que uma equipe de resgate chegue ao local onde aconteceu o acidente. Isto é o que recomenda Dra. Célia Bagno Cruz, especialista em clínica médica há mais de vinte anos e com larga experiência junto a vários serviços de urgência médica.
Segundo a médica, normalmente o médico não está no local, exceto pelos chamados resgates, por isso cautela é a palavra de ordem, pois qualquer tentativa de remover o acidentado e mobilização da vítima poderá levar a problemas mais graves. “Se a pessoa
que está prestando socorro não possui conhecimentos, o melhor é não mexer com o acidentado. O melhor a fazer é chamar um serviço de urgência, resgate, corpo de bombeiros, entre outros, que normalmente são profissionais já treinados para lidar com este tipo de situação”. Além disso, são serviços que todas as grandes cidades possuem.
Geralmente, explica a médica, ao acontecer um acidente, a polícia quando notificada
comparece ao local, avalia a situação e toma providências para acionar os
serviços de socorro. Assim, após
o contato com as equipes de socorro, ocorre uma definição do tipo de ambulância,
UTI móvel ou um helicóptero para
chegar ao local e transportar o acidentado até o hospital mais próximo.
Ao chegar a um hospital, este serviço
de emergência já está sendo esperado por uma equipe médica que vai definir
de imediato uma série de ações de primeiros socorros na tentativa de salvar a
vida desta pessoa.
Papel
Dra. Célia explica que este paciente ao chegar a um Pronto Socorro passa por uma avaliação médica, sendo que na maioria das vezes esta é
feita por um cirurgião. Este paciente recebe ainda a atenção de outros médicos e de toda uma equipe de enfermagem. Tais profissionais treinados avaliam
fraturas, vias respiratórias, dados vitais e principalmente se ocorreu a danificação de algum órgão. A partir daí, acontece uma série de exames radiológicos, tomografias, localização
de veias, início de vários medicamentos. No caso de pacientes politraumatizados, depois de detectada a necessidade pode acontecer ainda a transfusão de sangue. Dependendo da gravidade do paciente acontece o
encaminhamento imediato para a sala de cirurgia.
A médica esclarece ainda que após todos os diagnósticos sobre fraturas,
traumatismo craniano, hemorragias internas com baço, fígado, rins, este
paciente possui três caminhos: cirurgia geral nos casos de trauma abdominal,
cirurgia neurológica nos casos de traumatismo craniano com hematomas que
necessitem serem drenados ou então cirurgias ortopédicas nos casos de
fraturas expostas. “Estes são os três caminhos mais prováveis, mas também
existem pacientes que vão para os
três”.
Com relação aos familiares, a médica orienta que todos precisam estar
dispostos no sentido de prestar informações sobre o paciente, caso seja necessário e em especial, no caso de doação de sangue .
Orientação
Dra. Célia Bagno ratifica a importância do papel dessas equipes de profissionais para ajudar a salvar vidas. Por outro lado, ela lembra que nos casos de
cidades e locais distantes que não contam com este tipo de serviço, a pessoa que socorre uma vítima deve tentar ajudar. Porém, adverte a médica, é preciso
que esta pessoa que está socorrendo a vítima, tente mobilizar o socorrido o mínimo possível por causa de
fraturas. No caso da pessoa ser totalmente leiga, a orientação para esta pessoa é tentar observar a existência de qualquer membro quebrado. Neste caso, é preciso
colocar talas ou enfaixar estes membros além de liberar a respiração do acidentado abrindo suas roupas e tentar encaminhar o acidentado para um serviço
de urgência ou hospital o mais rápido possível, frisa.
Parada Cardíaca
BLS – Uma opção para leigos
Um dos treinamentos para leigos é o BLS
- Basic Life SupportSuporte Básico de Vida. Este curso tem como público alvo a população leiga e transmitirá conceitos básicos do atendimento
cardiovascular de urgência. “Ele se destina ao primeiro ‘atendente’. A
pessoa estará apta a realizar a ressuscitação, ciente da necessidade de se
encaminhar o paciente a um médico ou centro de referência”, explica o Dr.
Glauberson Cardoso Vieira, representante do Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa
em Cardiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia (FUNCOR/SBC) junto à
Sociedade Mineira de Cardiologia (SMC).
Segundo ele, todos estão sujeitos a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou a alguma
parada cardíaca e/ou respiratória. “Principalmente, as pessoas com fatores
de risco: quem fuma, hipertensa, diabética, sedentária, obesa. Estas estão
mais predispostas a terem estas doenças, sendo que uma das principais manifestações
é a morte súbita (perda súbita da consciência por mais de uma hora sem
recuperação) em decorrência de algum problema cardiovascular”.
Tempo
O especialista destaca o tempo como fator essencial no atendimento cardiovascular
de urgência: “A pessoa teve uma parada cardíaca. Se ela não for atendida em 10 minutos, as chances de ressuscitação são mínimas”. Segundo dados
apresentados pelo cardiologista, entre as pessoas que morrem em decorrência de problemas cardíacos (infartos, insuficiência cardíaca, AVC, etc.) a morte súbita representa 50% das mortes: “A causa mais comum é por fibrilação/taquicardia ventricular sem pulso (parada cardíaca) e o único método para se reverter é
através da desfibrilação (conversão da arritmia através de choque elétrico)”,
explica acrescentando que quanto mais cedo se detectar e se fizer o atendimento,
maiores são as chances de sucesso na recuperação do paciente. “Esta é uma
das importâncias do BLS. Ele ensina ao aluno a diferenciação entre uma parada
cardíaca e uma respiratória, capacitando-o para a escolha da melhor medida no
momento. Por exemplo, um idoso com AVC apresenta insuficiência respiratória,
mas mantém seu pulso. A pessoa que o atender deverá reestabelecer a respiração
do paciente sem que seja necessária a desfibrilação. É importante que as
pessoas saibam como proceder nestas ocasiões, pois são acontecimentos que
podem ocorrer a qualquer momento: no banco, no ponto de ônibus, no trabalho,
durante o futebol de fim-de-semana, etc.”
Anualmente, nos Estados Unidos 400 mil pessoas morrem por morte súbita; 1,5 milhões por ano sofrem infarto, sendo que, aproximadamente, 1/3 destes evolui a óbito.
“50% destas mortes ocorrem na primeira hora seguinte ao acontecimento. A média norte-americana em relação aos infartos é de um a cada 20 segundos”.
Parceria
O especialista informa que graças a uma parceria entre a Fundação Educacional
Lucas Machado da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FELUMA/FCMMG)
e a Sociedade Mineira de Cardiologia (SMC), Minas Gerais implantará – no
futuro – um sítio de treinamento nos cursos de Atendimento Cardiovascular de
Urgência (ACLS e BLS). “Neste ano, os cursos acontecerão no espaço físico
da FELUMA/FCMMG, mesmo local que – posteriormente – abrigará o sítio de
treinamento fornecendo toda a infra-estrutura necessária para a implantação e
fabricando aqui o material utilizado”, finaliza o médico.
Copyright © 2000 eHealth Latin America
Veja também