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Desvios Sexuais

Com uma freqüência bem menor, o clínico abordará um outro tipo de transtorno sexual, denominado parafilias, também conhecidas como desvios sexuais ou perversões. Este último termo deve ser utilizado apenas dentro de um conceito jurídico.

Nos desvios sexuais pressupõe-se a necessidade, pelo indivíduo, de um objeto ou de objetivos inaceitáveis socialmente para sua satisfação sexual. Em outras palavras, para obter prazer sexual a pessoa parafílica imagina ou realiza atos inusitados ou extravagantes, de modo quase exclusivo.

Outros distúrbios sexuais: Além das disfunções sexuais e das parafilias, o clínico muitas vezes se depara frente a transtornos de identidade sexual e homossexualidade egodistônica.

Os distúrbios de identidade dizem respeito ao transexualismo (incompatibilidade entre a anatomia genital e a identidade sexual). O indivíduo possui corpo masculino, porém sente-se feminino (transexual de homem a mulher); ou possui genitália feminina, porém percebe-se como homem (transexual de mulher a homem).

É mais freqüente o atendimento, nos centros especializados, de homens com síndrome transexual. Em geral, esses transtornos aparecem na infância ou podem vir a apresentar-se ao médico na idade adulta. Essas pessoas podem ser assexuadas, homossexuais ou heterossexuais, no que diz respeito ao seu padrão sexual principal.

É apropriado afirmar que, no presente, não existe teoria alguma que explique, suficientemente, a gênese do transexualismo (Bianco, 1993). Bianco considera como indispensável a observação dos seguintes critérios para o diagnóstico dessa patologia:

- Sensação persistente de inconformidade com os genitais que possui.
- Desejo de eliminar seus genitais e substituí-los por aqueles do sexo oposto.
- Vontade de viver como um membro do sexo oposto.
- Ausência de enfermidades orgânicas e/ou transtornos psiquiátricos (síndrome mental-orgânica e/ou síndrome funcional psicótica).

Bianco também enfatiza que um diagnóstico diferencial deva ser feito, em particular, com hermafroditismo ou pseudo-hermafroditismo, esquizofrenia, epilepsia lobulotemporal e, principalmente, com aqueles casos de homens afeminados com padrão homossexual.

"Estes indivíduos não desejam realmente possuir características anatômicas do outro gênero. Eles não se sentem incomodados com mas partes anatômicas nem desejam viver como membro do gênero oposto."(Bianco, 1993)

"Os distúrbios de identidade constituem situações onde as cirurgias de mudança de sexo têm indicação sendo que o tratamento de um transexual exige um trabalho de características especiais, requerendo grande habilidade.” (Kaplan, 1985)

A homossexualidade (desejo preferencial pelo mesmo sexo) não é mais aceita como desvio mental ou anormalidade, tratando-se de uma forma alternativa de expressão sexual. Porém, em sua forma egodistônica, merece uma abordagem de ajuda com intuito de propiciar uma adequação sexual.

Trata-se de um indivíduo com padrão de conduta homossexual, que se sente descontente com essa realidade e solicita ajuda do terapeuta para trabalhar seu descontentamento ou para modificar seu padrão de comportamento sexual. Seria o caso, por exemplo, de uma pessoa capaz de experimentar, iniciar ou manter uma relação heterossexual, apesar de expressar, também, um desejo homossexual que não queira e que lhe causa mal-estar.

Adequação e Inadequação sexual: Atualmente, o enfoque sobre os transtornos sexuais deve abranger não apenas os critérios biológico e sóciocultural, mas também o aspecto psicológico (emoção) que envolve a relação do casal.

Estamos falando, então, dos conceitos de "adequação e inadequação sexuais". Entende-se como "par adequado" aquele em que cada um está bem consigo mesmo e com o outro. Na inadequação sexual existe uma disfunção ou desvio de um ou de ambos os parceiros, de modo que não há harmonia entre os mesmos.

Este conceito, adotado pela sexologia atual, nos mostra que um casal pode ser considerado "adequado" mesmo sendo portador de duas disfunções (homem impotente com mulher vagínica) ou dois desvios (homem sádico com mulher masoquista), desde que apresenta, em geral, uma disfunção eretiva ou ejaculatória (ejaculação precoce ou retardada).

A inadequação sexual feminina verifica-se à medida que a mulher se vê às voltas com disfunções do desejo, do orgasmo, ou apresenta-se com dores ao coito (dispareunia). Em nosso meio, a inibição do desejo é a principal queixa sexual feminina. A anorgasmia e a dispareunia são também muito freqüentes. Entre os homens, os transtornos eretivos e a ejaculação precoce predominam sobre os demais.

Não é raro no consultório, termos de abordar uma inadequação de freqüência de relações sexuais em um casal. Aqui, apesar dos indivíduos apresentarem o ciclo completo da resposta sexual, a queixa sobrevém, pois um deles é hiperapetente e o outro, hipoapetente.

Fonte: Patologia e Terapia Sexual - 1ª Ed. - 1994.

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