Artigos de saúde
Novos estudos informam que infecções pelo vírus da
influenza, causador da gripe, são comuns em crianças pequenas e levam a internações,
uma descoberta que pode influenciar futuras recomendações de vacinação para bebês.
Atualmente, o Centro de Controle e Prevenção das Doenças (CDC) dos EUA não recomenda a
vacina da influenza para todas as crianças. A vacina é recomendada para crianças de
mais de seis meses de idade que sejam portadoras de condições tais como a asma e
diabetes. O CDC também recomenda a vacina para pessoas de mais de 50 anos de idade, para
todos profissionais da área de saúde, e para todas as pessoas que desejarem se proteger
do vírus da gripe.
Os novos trabalhos científicos indicam que as infecções gripais são surpreendentemente
comuns e causaram muitas internações, não apenas em crianças portadoras de doenças
crônicas mas também naquelas totalmente saudáveis, menores de dois anos de idade.
Dois novos estudos à respeito foram publicados no número de 27 de janeiro da revista The
New England Jouirnal of Medicine (NEJM): no primeiro deles, pesquisadores da
Universidade de Vanderbilt, em Nashville, Tennessee, avaliaram os prontuários médicos de
crianças menores de 15 anos, anteriormente saudáveis, cadastradas no programa de saúde
daquele estado, verificando número de internações hospitalares, consultas médicas, e o
uso de antibióticos num período de 19 anos consecutivos. Usando a diferença nos
índices destes eventos em épocas nas quais o vírus da influenza era predominante, e os
índices de novembro a abril quando não havia vírus da influenza na comunidade, os
pesquisadores calcularam a morbidade atribuível à infecção gripal.
Os autores verificaram que em crianças menores de um ano de idade as taxas de
hospitalização por doenças relacionadas ao vírus da gripe são semelhantes às de
adultos que se encontrem em grupos de risco para a infecção, como por exemplo os
diabéticos e os de mais de 50 anos de idade. Verificaram ainda que os índices de
hospitalização diminuem acentuadamente com o crescimento das crianças mas que as
infecções pelo influenza são responsáveis por um grande número de consultas médicas
e por um consumo aumentado de antibióticos.
O segundo estudo foi desenvolvido por pesquisadores do próprio CDC, e avaliou crianças
previamente sadias que acabaram por sofrer hospitalização devido a quadros gripais. A
pesquisa foi desenvolvida de 1992 a 1997 nos estados de Washington e da Califórnia. De
maneira semelhante ao estudo realizado no Tennessee, verificou-se que os bebês e
crianças bastante jovens, sem doenças prévias, apresentam-se com risco aumentado de
hospitalização durante as epidemias de gripe. Em particular as crianças com menos de
dois anos de idade apresentam taxas de internação doze vezes maiores do que crianças
mais velhas, durante com o inverno. Os pesquisadores concluem recomendando a vacinação
contra o vírus da gripe rotineiramente nestas crianças.
Em editorial no mesmo número da revista NEJM, fica a pergunta: deveriam estas crianças e
bebês passar a serem vacinadas rotineiramente? Na opinião dos editores, mais estudos se
fazem necessários antes de uma resposta de certeza.
Fontes: N Engl J Med 2000; 342:225-31
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