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NEW YORK - Os avanços tecnológicos poderão fazer com que os cientistas desenvolvam um chip implantável para os olhos para tratamento de alguns tipos de cegueira nos próximos 10 ou 20 anos, informaram nesta quarta-feira em Baltimore pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, em uma conferência para a imprensa.
A informação foi motivada por recentes informações na imprensa acerca de que o músico Stevie Wonder estava considerando um "implante de chip" para restaurar a visão.
"Não sei se poderemos realizar o implante em dois anos, mas em 10 ou 20 anos a resposta será que certamente poderá ser feito", disse o Dr. Eugene de Juan da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, Estados Unidos.
O pesquisador explicou que o aparelho trabalha pela estimulação de uma pequena área da retina eletricamente, através da passagem de corrente elétrica pelo olho, da maneira que um marcapasso age ao estimular o coração.
" O cérebro interpreta assim a atividade neural da retina como visão, como uma sensação luminosa," completou. " Temos atualmente provas suficientes de que os pacientes são capazes de enxergar pelo menos por curtos períodos, coisas como letras e formas como cubos... Acreditamos que agora o que teremos que fazer é resolver o problema de implantar o chip no olho por um longo período de tempo".
O Dr. Mark S. Humayun da Johns Hopkins disse à platéia pode ser usado por pessoas com doenças da retina, tais como a degeneração macular. Isto iria beneficiar cerca de 2 milhões de pessoas apenas nos Estados Unidos. Ele ainda informou que até o momento, o período de tempo mais longo que um chip permaneceu implantado em um olho foi de cerca de 45 minutos até 1 hora.
O Dr. Wentai Liu da North Carolina State University, em Raleigh, disse que os obstáculos a serem vencidos incluem o desenvolvimento de calor e evitar que o chip seja danificado pelos líquidos salinos existentes nos olhos.
"Sabemos que, pelo menos temporariamente, podemos estimular a retina. Mas não sabemos se, após um longo período de tempo, a quantidade de energia que será necessária será tolerada pelo olho do paciente", comentou de Juan na conferência para a imprensa.
"Uma das peocupações é que a ao colocar mais pixels ou mais energia no olho pode-se gerar muito calor. Do mesmo modo que seu computador pode se aquecer e mesmo causar uma queimadura, isto pode ocorrer no olho", de Juan disse a Reuters Health em uma entrevista.
"Na medida que a tecnologia se torna mais eficiente, poderemos ter menos aquecimento".
"Testamos 17 pacientes com vários eletrodos, mas ainda não realizamos um estudo clínico com o aparelho; irão se passar alguns anos em fase de testes antes que um produto comercial possa ser implantado nos pacientes", completou.
Publicado em Bibliomed Saúde em 9-12-1999
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