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O Parto Por Cesariana Reduz o Risco de Transmissão Vertical de HIV

Após análise de 15 estudos prospectivos na Europa e na América do Norte, envolvendo um total de 8533 casos de gravidez e parto em portadoras do vírus HIV, pesquisadores do International Perinatal HIV Group verificaram que ocorre uma redução de 50% no risco de transmissão do HIV para o recém-nascido se o parto for cesáreo, e de 87% se for usado o AZT durante a gestação e o parto.

Este estudo foi publicado no The New England Journal of Medicine em 1o de abril de 1999. A lógica do trabalho se baseou em que fatores obstétricos que promovem a transmissão do vírus no momento do parto, especialmente a exposição da criança ao sangue materno e às secreções vaginais, que se acham contaminados.

A probabilidade de transmissão do vírus da AIDS (SIDA) foi significativamente menor nas pacientes submetidas a cesariana eletiva e foi maior naquelas pacientes que tiveram ruptura de membranas antes da cesariana, ou naquelas em que o parto foi realizado de maneira convencional (vaginal). Os melhores resultados com diminuição nas taxas de infecção da criança ocorreram naqueles casos em que as mães não estavam recebendo nenhuma terapêutica anti-viral.

O International Perinatal HIV Group, entretanto, enfatisa que os benefícios de um parto cesáreo para bebê, trazem, ao mesmo tempo, um risco aumentado para a mãe - o parto cesáreo associa-se com uma maior perda sanguínea, infecções pós-operatórias, endometrites, e taxas mais elevadas de morte materna - isto se deve a que as alterações imumes existentes no organismo da mãe tornam estas mulheres mais susceptíveis à apresentarem as complicações acima.

O trabalho conclui pela necessidade de esclarecimento da grávida com um teste de HIV positivo quanto à redução na transmissão vertical do HIV, quando se utiliza o AZT durante a gravidez e no parto, e da necessidade de se evitar a amamentação no seio materno, por ser este também mecanismo de disseminação do vírus.

Deve-se chamar a atenção, entretanto, que outros autores, inclusive do Brasil, apontaram que, neste trabalho, pacientes que estivessem recebendo terapêutica anti-HIV ideal, não se beneficiariam de um parto cesáreo, pois a possibilidade de transmissão do vírus havendo cobertura adequada com o AZT é muito baixa. Devem-se aguardar mais estudos à respeito.

Fonte:
New England Journal of Medicine 1999; 340:977-87.
New England Journal of Medicine 1999; 340:1032-3.

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