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Estudo associa proximidade de antenas de celulares a mortes por câncer

16 de abril de 2010 (Bibliomed). Um estudo recentemente realizado em Belo Horizonte revela que há fortes evidências entre mortes por câncer e a localização de antenas de celulares na capital mineira. Com base no geoprocessamento da cidade, a engenheira Adilza Condessa Dode constatou que mais de 80% das pessoas que morreram de cânceres relacionados à radiação eletromagnética - emitida pelos celulares - moravam a cerca de 500 metros de distância de alguma antena. A pesquisa confirma resultados de estudos realizados na Alemanha e em Israel.

De acordo com a pesquisadora - que defendeu tese de doutorado em março na UFMG -, até agora, ninguém sabe quais são os níveis seguros de radiação para a saúde humana, e os padrões permitidos no Brasil são os mesmos adotados pela Comissão Internacional de Proteção Contra Radiações Não-Ionizantes (Icnirp), normatizados em legislação federal de maio de 2009. Entretanto, para a pesquisadora, esses padrões são inadequados. “Eles foram redigidos com o olhar da tecnologia, da eficiência e da redução de custos, e não com base em estudos epidemiológicos”, assegura.

Entre os 22.543 casos de morte por câncer ocorridos em Belo Horizonte no período 1996 e 2006, a engenheira selecionou 4.924, cujos tipos - próstata, mama, pulmão, rins, fígado, por exemplo - são reconhecidos na literatura científica como relacionados à radiação eletromagnética. Na fase seguinte, elaborou metodologia inédita, utilizando o geoprocessamento da cidade para descobrir a que distância das antenas moravam as 4.924 pessoas que morreram no período. “A até 500 metros de distância das antenas, encontrei 81,37% dos casos de óbitos por neoplasias”, conta a pesquisadora.

“Não somos contra a telefonia celular, mas queremos que o Brasil adote o princípio da precaução, até que novas descobertas científicas sejam reconhecidas como critério para estabelecer ou modificar padrões de exposição humana à radiação não ionizante”, diz a pesquisadora.

Recomendações

Em um capítulo de sua tese, a pesquisadora lista uma série de recomendações. Entre elas, a de que o Brasil adote os limites já seguidos por países como a Suíça; de que o governo não permita transmissão de sinal de tecnologias sem fio para creches, escolas, casas de repouso, residências e hospitais; crie infraestrutura para medir e monitorar os campos eletromagnéticos provenientes das estações de telecomunicação e desestimule ou proíba o uso de celulares por crianças e pré-adolescentes.

Para o professor Francisco de Assis Ferreira Tejo, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande, a tese desenvolvida por Adilza Dode "deve ser um marco para que a sociedade brasileira e o Ministério Público comecem a se debruçar sobre a questão dos efeitos biológicos dos campos eletromagnéticos".

Fonte: Assessoria de Imprensa Cedecom/UFMG. Press release. 09 de abril de 2010.

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