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Cresce o número de mortes em decorrência da Aids

Belo Horizonte, 15 de Outubro de 2001 (Bibliomed). As secretarias de Saúde do Rio de Janeiro e de São Paulo constataram pela primeira vez desde que o coquetel para tratamento da Aids começou a ser distribuído, que a mortalidade nos dois estados apresenta uma tendência ao crescimento.

O coquetel se tornou disponível em 1996 e, já na metade do mesmo ano e em 1997, a mortalidade pela doença chegou a cair pela metade.

A má notícia é que os números dos dois estados – onde se concentram cerca de 50% dos casos do País – podem refletir uma tendência nacional e mudanças no perfil da epidemia.

Esta suspeita é reforçada pelo fato de que os sistemas de coletas de dados sobre óbitos no Rio e em São Paulo serem mais rápidos do que em outras regiões do País. O Ministério da Saúde, no entanto, ainda não admite que a tendência seja nacional.

O serviço nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)/Aids do Ministério acredita que no Norte e Nordeste o perfil da epidemia ainda seja diferente do restante do País. No entanto, no Sul, a situação pode ser semelhante à do Rio e São Paulo.

Segundo os dados, a mortalidade em São Paulo, em 1996 e 1997, caiu 24%. Em 1998, a tendência foi de estabilização e até crescimento. Em 1999, o decréscimo foi de apenas 1,8%. Entre o ano passado e este ano a expectativa é de que não haja queda, mas elevação.

Até a metade deste ano, em São Paulo, já tinham sido registradas 704 mortes. A previsão é que este número duplique, superando os 1.300 óbitos de 2000. O que os especialistas querem descobrir é o que está motivando as mudanças nas características da epidemia. Os médicos consideram o coquetel muito eficiente, mas lembram que a medicação tem limitações.

Na cidade do Rio, o crescimento da mortalidade já é fato. De 1999 para 2000, os casos de morte subiram de 984 para 1.041. Antes do coquetel, em 1995, foram registradas 1.889 mortes na cidade. Nas duas capitais, as mortes serão apuradas e analisadas.

Uma das suspeitas é que a morte esteja sendo apressada pela associação da Aids com a ocorrência da hepatite C. Esta situação é mais comum entre os soropositivos que são usuários de drogas injetáveis.

Outra explicação para o aumento das mortes é que a Aids deixou de ser uma doença da classe média e passou a avançar entre a população de baixa renda, que tem mais dificuldades para manter uma alimentação adequada, receber os cuidados necessários e seguir corretamente a terapia com o coquetel.

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