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Apagão na saúde de SP

São Paulo, 05 de Junho de 2001 (eHealthLA). A Secretaria da Saúde de São Paulo já publicou na Internet sua análise a respeito dos problemas que o setor de saúde pública deverá enfrentar com o racionamento de energia, e prepara-se com planos de emergência para encarar todos os cenários possíveis.

De acordo com o comunicado do Chefe de Gabinete da Secretaria, Alberto Hideki Kanamura, publicado no último dia 25 de maio, “todas as unidades de saúde sofrerão danos em caso de interrupção da energia elétrica de forma cotidiana e programada, ou pior se a interrupção ocorrer sem aviso prévio em período superior a 1 ou 2 horas”.

Ele explica que “os equipamentos de saúde são absolutamente dependentes de energia elétrica e não há meios de fazê-los funcionar de forma plena, mesmo com o acionamento de geradores de emergência”.

Além disso, acrescenta, alguns estabelecimentos optaram por criar unidades sem iluminação natural e que dependem totalmente do ar-condicionado.

Na verdade, a rede hospitalar e as unidades de atendimento ambulatorial estão preparadas apenas para pequenas interrupções de energia. “Esta situação se aplica tanto para a rede pública estatal, rede pública não estatal e estabelecimentos privados”, alerta.

No entanto, Kanamura aposta que existe um clima que motiva os dirigentes das unidades a trabalharem na racionalização e economia da energia elétrica.

Ele pensa que é preciso repensar a arquitetura e os equipamentos para ajustar os hospitais à nova ordem, isto é: pouca energia e de alto custo.

Algumas atitudes de economia são possíveis, segundo Kanamura: a racionalização do horário de atendimento ao público e do funcionamento das áreas administrativas, da iluminação de corredores, do Raio X, etc.

É possível ainda pré-aquecer a água do banho usando aquecedores solares, trocar as lâmpadas, redimensionar geradores de emergência, trocar as caldeiras elétricas, e assim por diante.

A Secretaria do Estado de São Paulo estará estimulando os seus funcionários a pensarem a questão da energia com prioridade, recebendo sugestões e divulgando iniciativas bem sucedidas.

Panorama assustador

A situação das unidades da Secretaria de Saúde de SP não é das mais animadoras. Segundo o próprio Chefe de Gabinete, as geladeiras das unidades, por exemplo, não contam com geradores de emergência, e se faltar luz por um período longo, as vacinas lá estocadas se perderão. Mesmo nas sedes das Diretorias Regionais, que possuem câmaras frigoríficas para grandes estoques, não possuem geradores próprios.

Os Hospitais contam com geradores de emergência para cobrir apenas áreas críticas, como Centro Cirúrgico, UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e Pronto Socorro.

“Nem sempre os bancos de sangue e os laboratórios estão ligados ao sistema de emergência, podendo se perder os soros e material biológico congelado, caso a interrupção de energia seja prolongada”, alerta Kanamura.

Nos casos dos hospitais equipados com caldeiras elétricas para gerar vapor, haverá comprometimento das Cozinhas, Lavanderias, e, o que é pior, da Central de Esterilização. Sendo assim, ele avalia que, na prática, estes hospitais não terão condições de funcionar.

Como nem todos os hospitais contam com geradores de emergência, fica impossível a internação de pacientes que necessitam de algum procedimento intensivo, uma vez que os equipamentos só têm autonomia de uma a duas horas sem energia elétrica.

“A perspectiva de cortes recomenda a transferência desses pacientes para hospitais melhor equipados, podendo gerar problemas de superlotação”.

O mesmo ocorre com pacientes dependentes de equipamentos em internação domiciliar, que para garantir sua sobrevivência, terão que ser hospitalizados, aumentando ainda mais a demanda.

Pacientes em diálise crônica, por exemplo, poderão sofrer atrasos na realização dos procedimentos dialíticos, o que pode acarretar graves problemas para a qualidade de vida e para a segurança destes pacientes.

Os prejuízos econômicos também se somam aos riscos da saúde, acarretando problemas de médio prazo. Com o encarecimento da energia elétrica, vários insumos, como gases medicinais, medicamentos e equipamentos, reduzirão a capacidade de compra dos hospitais.

Sem contar que variações constantes de energia podem danificar equipamentos médicos, em geral sensíveis à tensão elétrica.

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