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DAVOS: Uso da Terapia Genética Ainda Está Longe

31 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Após uma década de pesquisas e 3 bilhões de dólares de investimentos por laboratórios, o uso disseminado da terapia genética ainda está longe de acontecer, disseram especialistas durante o Fórum Econômico Mundial, na segunda-feira, em Davos.

A meta de substituir genes defeituosos por genes normais sofreu um retrocesso em novembro de 1999, quando Jesse Gelsinger, 18 anos, se tornou a primeira pessoa a morrer durante terapia genética. Diversos programas foram suspensos e os investidores provocaram a queda das ações das empresas envolvidas nas pesquisas.

Mesmo assim, a ano passado trouxe esperanças com o sucesso preliminar no tratamento de crianças francesas sofrendo de um defeito genético raro que destrói o sistema imunológico e de outro grupo de norte-americanos com hemofilia.

Além disso, um produto de terapia genética desenvolvida pela Introgen e Aventis está em testes de fase 3 para câncer de cabeça e pescoço.

"Desde o início da década de 1990, a quantidade de dinheiro gasta em operações comerciais no desenvolvimento dessa área tão estimulante é de pelo menos 3 bilhões", disse Henri Termeer, executivo-chefe da empresa norte-americana de biotecnologia Genzyme General Corp.

A Genzyme investiu sozinha 200 milhões de dólares e conduziu nove ensaios clínicos de um tratamento genético da fibrose cística -- uma doença hereditária que se caracteriza por infecções pulmonares crônicas -- até agora sem sucesso.

"Atualmente, na Genzyme, temos diversos testes em desenvolvimento...estamos cruzando os dedos todos os dias, mas o mais cedo que algo pode acontecer é daqui a cinco anos", acrescentou Termeer.

Fred Gage, do Instituto Salk de Estudos Biológicos, nos Estados Unidos, disse que a terapia genética é muito promissora não só no tratamento de câncer e doenças hereditárias raras causadas por um único defeito genético, mas também em doenças cerebrais degenerativas.

Gage destacou que a tecnologia para fornecer genes ao organismo ainda não são boas o suficiente.

Normalmente, os cientistas usam um vírus desativado, como o que causa resfriado, para carregar os genes para o organismo. O problema é que isso pode causar reações imunes, similares àquela que se acredita ter matado Gelsinger -- e muitos vírus não conseguem atingir todas as células certas.

Uma das opções que está sendo levada em consideração por cientistas é o uso de uma classe de vírus chamada lentivírus, desprovida de seus próprios genes, como 'vetores', já que eles são particularmente eficazes na disseminação de infecções. Esse é um desafio de relações públicas, já que o lentivírus mais conhecido é o HIV.

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