Artigos de saúde

Hiperidrose – Suor Excessivo

Neste artigo:

- Introdução
- O que a pessoa apresenta
- Aspectos psicológicos
- Como é feito o tratamento

"O nosso organismo possui alguns mecanismos muito importantes que atuam na regulação da temperatura corporal. Um dos mecanismos principais é a produção de suor. Quando a temperatura corporal aumenta, o cérebro envia sinais para que as glândulas (sudoríparas) aumentem a produção de suor e, com a evaporação do mesmo, há perda de calor da pele, ajudando a reduzir a temperatura. O controle da sudorese (produção de suor) não depende da vontade do indivíduo."

Introdução

A hiperidrose é uma doença caracterizada por produção excessiva de suor, devido a hiperatividade das glândulas sudoríparas. Acomete aproximadamente 1% da população e, embora não seja grave, causa extremo desconforto e constrangimento às pessoas. A hiperidrose pode ocorrer sem ter uma causa identificável, ou estar associada a outras doenças, como hipertireoidismo, distúrbios psiquiátricos, obesidade e menopausa.

O que a pessoa apresenta

O início dos sintomas pode ocorrer em qualquer idade e, eventualmente, pode-se encontrar outros parentes que tinham ou têm a doença. As mulheres são ligeiramente mais acometidas que os homens. O excesso de sudorese pode ocorrer espontaneamente, mas a maioria das pessoas identifica situações e/ou fatores desencadeantes ou agravantes, como:

• Aumento da temperatura ambiente;
• Febre;
• Prática de atividade física;
• Ansiedade;
• Ingestão de alimentos muito condimentados.

Os sintomas costumam melhorar durante o sono. O indivíduo relata que a sudorese é constante, podendo o suor ser "quente" ou "frio". Pode acometer várias regiões do corpo, mas as principais são as mãos e os pés (pode surgir logo após o nascimento); em segundo lugar está o acometimento axilar (geralmente surge na adolescência); e em terceiro lugar o rosto (comumente após os 40-50 anos de idade).

Observa-se uma importante relação entre estresse e a ocorrência das crises, especialmente nos pacientes com acometimento do rosto e das axilas. Apesar disso, os indivíduos com excesso de sudorese na palma das mãos e na planta dos pés também podem apresentar crises associadas a períodos de maior estresse.

Algumas descobertas recentes indicam que as pessoas com maior peso corporal apresentam piores sintomas. Além disso, observou-se que em mais da metade dos casos a hiperidrose está associada ao diabetes mellitus. Assim, as pessoas com risco aumentado para hiperidrose seriam os gordinhos, os diabéticos e os parentes de indivíduos que possuem parentes acometidos.

Aspectos psicológicos

O excesso de sudorese constitui-se em uma situação constrangedora e desagradável, o que dificulta as atividades do dia-a-dia. Pode interferir com o trabalho, o lazer e as atividades sociais. Ações como segurar papéis, apertar a mão de outra pessoa, escrever podem tornar-se extremamente aterrorizantes.

Existem casos de crianças que não conseguiam ser alfabetizadas, devido ao grande estresse que o fato de ir à escola representava a essas crianças. Adolescentes acometidos podem manter-se isolados das outras pessoas, não conseguindo estabelecer relacionamentos. A doença pode até atrapalhar na hora da escolha da profissão, já que não adianta ter talento para o desenho se o suor excessivo nas mãos impede a pessoa de exercer essa atividade.

Quando a sudorese é muito intensa, a decomposição do suor e das células mortas leva à produção de odor desagradável. Essa situação é mais comum nos indivíduos com hiperidrose acometendo as axilas. Leva, portanto, a intenso desconforto para o indivíduo, que procura se isolar das outras pessoas.

Como é feito o tratamento

Existem basicamente duas modalidades de tratamento, o clínico e o cirúrgico. Importante ressaltar que a escolha depende da intensidade do caso, e também da opção do paciente e do médico.

O tratamento clínico é falho porque não é definitivo, alguns métodos são desagradáveis, podem ser caros e devem ser repetidos regularmente. Pode ser realizado das seguintes formas:

• Uso de substâncias antiperspirantes e adstringentes, que devem ser aplicadas após o banho, antes de deitar-se. Elas podem causar irritação na pele ou deixar a pele amarelada.
• Uso de talco ou de amido de milho, indicado nos casos de doença mais leve. Devem ser aplicados entre os dedos, sob as mamas e nas demais pregas da pele.
• Banho com sabonete desodorante, mas seu uso prolongado pode irritar a pele.
• Não utilizar o mesmo par de sapatos por dias seguidos e utilizar palmilhas absorventes.
• Medicamentos tomados por via oral, como antidepressivos, medicamentos para ansiedade. No entanto, o alívio dos sintomas é parcial.
• Psicoterapia, técnicas de biofeedback.
• Iontoforese.

Uso de toxina botulínica ("Botox®"): geralmente são realizadas de 35-40 aplicações em cada região, a cada sessão. A duração do efeito é de 4 a 6 meses, sendo necessária nova sessão após esse período. Geralmente os indivíduos suportam até 4 sessões. É importante saber que a dose necessária é quase próxima da dose tóxica; sendo assim, como o benefício não é definitivo, nos pacientes com sintomas mais intensos e que interferem muito em suas vidas, pode estar indicado o tratamento cirúrgico.

O tratamento cirúrgico consiste na chamada "Simpatectomia Torácica". Existe, ao lado da coluna torácica, uma estrutura denominada cadeia simpática. Ela é constituída por pequenos gânglios que controlam, além de outras coisas, a produção do suor. A cirurgia consiste na eliminação dos gânglios envolvidos na doença. Antigamente, a cirurgia era feita por duas incisões ("cortes") no pescoço, mas atualmente vem sendo realizada por técnicas de vídeolaparoscopia. Essa técnica mais nova necessita de duas pequenas incisões, levando a cicatrizes praticamente imperceptíveis.

A cirurgia está indicada geralmente nos pacientes com hiperidrose não devida a outras doenças. Nesses casos, o tratamento da doença-causa leva freqüentemente à melhora dos sintomas.

Os resultados da cirurgia são dramáticos. Quando acorda da anestesia, o paciente já percebe que não apresenta mais o excesso de suor nas axilas e nas mãos, sendo que a sudorese de pé reduz-se em 70%. Eles relatam que há muitos anos não sentiam suas mãos quentes e secas. Os resultados são permanentes e a melhora da qualidade de vida é indiscutível.

Como essas pessoas não suam mais nas mãos e nas axilas, pode haver aumento da sudorese em outras regiões do corpo, principalmente quando estão em locais quentes, fazendo exercícios físicos, tomando sol. No entanto, a minoria desses pacientes apresentará queixa de tais sintomas e achará que não valeu a pena ter sido submetido à cirurgia. O que ocorre é que esses sintomas não incomodam o paciente.

Copyright © 2005 Bibliomed, Inc.                                        01 de Setembro de 2005