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Projeto Milionário Vai Estudar Como as Células se Comunicam

Por Karen Pallarito

NOVA YORK (Reuters Health) - Um braço dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos anunciou esta semana que irá investir um total de 25 milhões de dólares durante cinco anos em um ambicioso projeto desenvolvido para desvendar os mistérios de como as células se comunicam.

Coordenado pelo cientista ganhador do Prêmio Nobel, Alfred G. Gillman, o projeto reúne cerca de 50 pesquisadores em um consórcio nacional cujo grande objetivo é produzir um modelo computadorizado preciso e quantitativo de como a comunicação celular funciona.

Gillman disse que seis grandes empresas farmacêuticas e uma organização também concordaram em financiar o projeto, investindo 15 milhões de dólares em cinco anos.

Esses financiadores incluem Eli Lilly, Johnson and Johnson, Instituto de Pesquisa em Genoma Merck, Novartis, Chiron Therapeutics, Aventis e Instituto Agouron.

"A idéia é, em última instância, chegar a um modelo quantitativo -- um pedaço de uma célula virtual em um computador", de acordo com Gillman, farmacologista do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas.

Usando o modelo, cientistas poderão prognosticar o comportamento da célula em resposta a todo tipo de influência ambiental, como drogas. "Este seria um instrumento de descoberta de droga soberbo", disse Gillman à Reuters Health em uma entrevista na terça-feira.

Segundo o pesquisador, o projeto tem grandes implicações para os milhões de consumidores que dependem de inovações médicas para medicamentos que salvem vidas ou prolonguem sua duração, fornecendo um instrumento para "facilitar, acelerar e melhorar a descoberta de drogas".

A Aliança para Sinais Celulares (AFCS, para Alliance for Cellular Signaling), como o consórcio científico é conhecido, já recebeu seus primeiros 5 milhões de dólares do Instituto Nacional de Ciências Médicas Gerais dos NIH (NIGMS). Segundo Michael Rogers, diretor da divisão de farmacologia, fisiologia e química biológica, esta é a maior quantia já fornecida pelo NIGMS.

O projeto representa ainda o chamado primeiro "financiamento de união" do NIGMS, desenvolvido para reunir uma equipe de pesquisadores para estudar um problema tão complexo que nenhum cientista ou laboratório de pesquisa seria capaz de fazê-lo.

De acordo com Rogers, todos os participantes do consórcio são cientistas distintos. Esta reunião "representa uma mudança, acredito, na comunidade científica", disse o pesquisador.

O trabalho do consórcio irá se concentrar em todos os aspectos das comunicações celulares em cardiomiócitos -- células cardíacas musculares que podem bater em laboratório -- e células B, um tipo de célula imunológica encontrada na corrente sanguínea.

Membros da AFCS concordaram em abrir mão de toda a propriedade intelectual e direitos autorais associados ao projeto de pesquisa, permitindo que cientistas de todo o mundo tenham livre acesso aos frutos da iniciativa sem precedentes.

"Teoricamente, se eles conseguirem chegar ao modelo de como as células funcionam, isso será algo que todos usam", incluindo empresas farmacêuticas e de biotecnologia, acrescentou Rogers.

Gillman e Martin Rodbell ganharam o Prêmio Nobel de 1994 por seu trabalho em fisiologia ou medicina pela descoberta de sinais comunicados através das proteínas G.

Sinopse preparada por Reuters Health

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