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Testes Clínicos Violam Regras Científicas Básicas

LONDRES (Reuters) - Um estudo realizado por cientistas nos Estados Unidos indica que pesquisadores podem estar violando uma das leis básicas da investigação científica quando realizam testes clínicos.

A informação divulgada pelo jornal Lancet na sexta-feira resulta do trabalho do pesquisador Benjamin Djulbegovic do H Lee Moffit Cancer Center e do Research Institute (Centro de Câncer e Instituto de Pesquisa H Lee Moffit) da Universidade da Flórida.

O "princípio da dúvida" defende que teste clínico deve ser feito para avaliar qual entre dois tratamentos é mais efetivo.

"Um teste deveria ser realizado apenas se houver dúvida substancial sobre o valor relativo de um tratamento versus outro", disse Benjamim à Reuters.

Na sua opinião, muitos testes clínicos são realizados quando a idéia subjacente é que um novo tratamento deve superar o desempenho do outro, resultando em descobertas tendenciosas.

O pesquisador examinou 136 testes focalizados em um tipo específico de doença sanguínea maligna. Do total, 44 por cento favoreceram tratamentos padrão e 56 por cento preferiram novos tratamentos indicando que o princípio da incerteza foi mantido, ou seja, os testes foram divididos mais ou menos ao meio sobre qual tratamento era melhor.

Contudo, conforme Benjamin, testes financiados parcial ou totalmente por organizações lucrativas tenderam a preferir novos tratamentos sobre velhos (74 por cento versus 26 por cento) comparados com testes apoiados por governos e organizações sem fins lucrativos (47 por cento contra 53 por cento).

Os pesquisadores verificaram que nos testes financiados por organizações com fins lucrativos, novos tratamentos foram mais susceptíveis a ser comparados contra grupos de controle inferiores dando resultados melhores.

Conforme Benjamin, estudos financiados por empresas usaram controle inferior em 60 por cento dos casos enquanto testes financiados por organizações não lucrativas usaram controle inferior em apenas 21 por cento dos casos.

"Esta tendência em pesquisas financiadas pela indústria farmacêutica pode ser uma conseqüência da violação do princípio da incerteza. Maiores cuidados deveriam ser dados para a proteção e compreensão deste princípio fundamental no qual se sustenta todo o sistema de experimentação humana", acrescentou Benjamin.

Sinopse preparada por Reuters Health

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