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Medicamento afeta o sistema imunológico dos cães

18 de Março de 2003 (Bibliomed). O dipropionato de imidocarb, utilizado no tratamento da babesiose canina, reduz a taxa de anticorpos no sangue, tornando o animal vulnerável ao mesmo protozoário em apenas seis meses. Foi o que observou o veterinário Leonardo Brandão, em sua dissertação de mestrado apresentada recentemente na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP).

O pesquisador explica que a babesiose canina é causada pelo protozoário Babesia canis e ataca principalmente cães da zona rural, freqüentemente infestados por carrapatos. Os sintomas são febre, anemia e sangramentos no nariz podendo, em alguns casos, levar à morte. O tratamento mais utilizado é com o dipropionato de imidocarb, mas o veterinário adverte que é preciso ter cautela com seu uso. Segundo o veterinário, o medicamento é muito eficaz na eliminação do protozoário do organismo do cão, o que pode diminuir precocemente os níveis de anticorpos e tornar o animal suscetível à infecção mais cedo.

Para a realização da pesquisa dez cães foram infectados com o Babesia canis. Cinco receberam tratamento com o dipropionato de imidocarb (duas doses com 15 dias de intervalo). Os outros cinco não receberam qualquer tratamento, mas foram acompanhados até que se recuperassem sozinhos. “Após seis meses, o 'título' de anticorpos do grupo não tratado era quatro vezes maior que o do outro grupo, uma diferença significante”, informou Brandão. Os cães foram reinfectados e apenas o grupo tratado manifestou a doença.

O pesquisador adverte que é preciso verificar o ambiente do cão antes de utilizar o remédio. Se ele for de uma área urbana, o controle dos carrapatos é mais eficiente e a oportunidade de uma reinfecção é menor. Mas se ele viver solto em um sítio não há como impedir que ele seja picado por carrapatos. “Neste caso, o melhor é não usar o medicamento. Uma alternativa é tratá-los com antibióticos como a tetraciclina, capazes de controlar a infecção e baixar a febre, sem eliminar completamente o protozoário”, recomendou, explicando que isso permite que o sistema imunológico responda adequadamente, guardando a 'memória' do antígeno para o futuro, como uma vacina.

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