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14 de Março de 2003 (Bibliomed). Todos os valores de uma pessoa, de sua formação psíquica à ideológica, têm ligação direta com o sucesso em manter o peso após a adoção de qualquer método para emagrecer. Foi o que demonstrou um estudo desenvolvido pela nutricionista Andréia Moutinho, em seu mestrado “Representações sociais na manutenção do peso corporal: o que e quem o discurso revela”, defendido na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) em fevereiro deste ano.
A pesquisadora constatou que as pessoas que mantêm o peso possuem representações sociais “bastante similares acerca do emagrecer e do comer, e que tais representações parecem influenciá-los a continuar mantendo o peso”. De 2001 a 2003, a nutricionista trabalhou com dois grupos – um com 21 pessoas que obtiveram sucesso em emagrecer e manter o peso, e outro com 19 pessoas que emagreciam e depois recuperavam o peso, chegando em alguns casos a ultrapassá-lo.
As entrevistas levaram em conta a história de vida de cada um, seus conceitos e atitudes. Com isso, a pesquisadora identificou os fatores que ora atuavam como barreira, ora como estímulo na manutenção do peso. Para o primeiro grupo, manter a forma não foi entendido como um sacrifício, já no segundo “sacrifício” foi a palavra mais recorrente.
A pesquisadora percebeu que o sucesso na adoção de qualquer tentativa para emagrecer depende de a pessoa “entender que emagrecer é um processo e o que se busca na verdade é manter o peso”. E que “a atenção do profissional e do paciente deve se voltar para isso, pois somente a perda de peso mantida é que é benéfica à saúde e não o emagrecimento em si”.
Andréia lembra, no entanto, que estamos num mercado imediatista, que busca respostas rápidas para problemas crônicos, sem compromisso com a saúde. “Não basta conhecer o valor calórico dos alimentos para mudar o hábito alimentar. Vai mais além. É importante que a pessoa compreenda aspectos subjetivos do consumo alimentar e arme estratégias de defesa contra este ambiente obesogênico em que vivemos”, alertou.
Outra conclusão da pesquisa foi que não é o método em si que faz a pessoa controlar definitivamente o peso, mas sim a relação entre o método e o usuário: quanto mais o método estimular a autonomia, mais próximo estará do sucesso na manutenção.
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