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11 de Outubro de 2002 (Bibliomed). Quem usa ecstasy não tem medo nem da polícia, nem da família, nem dos danos ao organismo. Esse foi o resultado de uma pesquisa realizada pelo psicólogo Murilo Campos Baptista, durante a elaboração de sua dissertação de mestrado, apresentada na Unifesp. A pesquisa foi realizada com 32 usuários e ex-usuários e mostrou que mais de 50% dos entrevistados assimilam apenas os efeitos positivos da substância, dando pouca importância para os negativos, como complicações decorrentes do uso e composição da droga.
A possibilidade do ecstasy desencadear uma dependência química não foi descartada por mais da metade dos entrevistados, apesar de 65,6% terem considerado a droga é mais segura que as demais - com exceção da maconha, que foi considerada praticamente inofensiva. Essa segurança está ligada principalmente ao fato de ser possível disfarçar os efeitos do ecstasy em uma situação de emergência, como a de uma batida policial.
Mesmo acreditando que o ecstasy seja seguro, a maioria dos entrevistados afirmou utilizar truques para minimizar os efeitos da droga, como fazer uma alimentação balanceada e beber água moderadamente (40,6%), não associar bebidas alcoólicas ao comprimido (15,6%) e controlar o consumo (18,75%). Apenas um deles mostrou preocupação em não misturar o ecstasy com outras drogas. “Dietas e ingestão de alguns alimentos antes ou depois não minimizam os prejuízos que a substância causa aos neurônios e nem diminuem as chances de ela desencadear uma depressão”, afirmou Baptista. Segundo o pesquisador, a única estratégia que tem fundamento é a de beber água moderadamente, já que o excesso de água nessas ocasiões pode provocar intoxicação e morte – o comprimido causa hipertermia (elevação da temperatura corporal) e a sede se torna incontrolável.
Os relatos também mostraram a falta de preocupação em controlar o consumo das pílulas: 25% ingerem mais de dois comprimidos por ocasião. Cinco dos 32 usuários afirmaram ter passado por problemas financeiros em decorrência do uso. Além de caro (o comprimido custa de R$ 25 a R$ 50), não há garantia de que a droga não seja falsificada. Outro problema enfrentado pelos usuários é a sensação artificial de confiança e a impulsividade despertada pela droga. “As pessoas podem ter relações íntimas com desconhecidos sem a mínima preocupação em se proteger”, disse a farmacóloga Ana Regina Noto, co-orientadora do estudo, acrescentando que, apesar de ser raro, o ecstasy pode causar dependência.
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