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Uso de drogas entre os jovens favorece comportamento sexual de risco

24 de Maio de 2002 (Bibliomed). Quanto maior o uso de drogas, maior o comportamento sexual de risco. Esta foi a alarmante constatação feita pelos pesquisadores do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O estudo investigou a relação entre o consumo de substâncias psicoativas e o comportamento sexual dos adolescentes. Os resultados do trabalho, divulgados ontem em São Paulo, foram publicados na revista científica “Substance Use and Misuse”. Durante quatro anos, os especialistas do IPq acompanharam e pesquisaram 700 estudantes, com idades entre 14 e 21 anos, matriculados em uma escola pública de São Paulo.

Os resultados da pesquisa identificaram os tipos mais consumidos de droga e constataram também que quanto maior o consumo dos entorpecentes, menor a prática do sexo seguro.

Além do baixo índice de uso de preservativos, os adolescentes que consomem a droga relataram contatos com profissionais do sexo e até a prostituição. Os dados mostraram que 53% dos jovens pesquisados já tinham usado drogas pelo menos uma vez na vida ou as consumiam sistematicamente. Mais de 45% dos entrevistados eram usuários da maconha, a droga mais consumida entre os estudantes pesquisados. Quase 30% dos adolescentes consumiam inalantes, 17%, alucinógenos, e 14%, cocaína.

A metodologia usada no trabalho foi a de aplicação de questionários anônimos. Cada aluno respondeu às perguntas sem revelar seu nome ou estar na presença de um pesquisador. O anonimato, segundo os especialistas, permite com que o estudo apresente resultados bem próximos da realidade vivida no País e, em especial, em São Paulo. As informações obtidas com a pesquisa também deixaram os pesquisadores envolvidos no trabalho – Wagner Gattaz, Arthur Guerra de Andrade, Sandra Scivoletto e Carmita Abdo – alarmados com o uso crescente das drogas entre a população de faixa etária mais jovem. Os resultados foram comentados ontem pelos pesquisadores, que pertencem ao Grupo de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) e ao Projeto Sexualidade (Prosex).

O comportamento sexual de risco representa uma ameaça direta de propagação do vírus HIV entre adolescentes. Esse crescimento da Aids entre os mais jovens incentivou o Grupo Vidda, do Rio de Janeiro, a elaborar um programa específico para esta população. O programa foi lançado ontem.

Endereços úteis, direitos constitucionais e informações sobre o tratamento da doença compõem o kit preparado para os soropositivos jovens. O material foi elaborado por pessoas na mesma faixa etária que participam do Projeto Encontro Marcado.

Segundo o Grupo Vidda, 20% dos casos de Aids diagnosticados no País atingem jovens. Como a doença pode demorar para apresentar os primeiros sintomas, grande parte dos jovens só descobre ser portador do HIV na fase adulta. O Grupo Vidda lembra que este é o motivo que faz com que os jovens tenham adesão tão baixa aos serviços de saúde direcionados aos soropositivos.

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