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Submissão sexual beneficia proliferação da Aids na África

Belo Horizonte, 19 de Dezembro de 2001 (Bibliomed). Especialistas reunidos na Conferência Internacional sobre a Aids, que ocorreu em Uagadugu, alertaram para a complexa situação vivida pelas mulheres africanas. Vítimas de discriminação, as soropositivas na África são mantidas em submissão social, econômica e sexual. Na maior parte das vezes, segundo os especialistas, as mulheres são vítimas da irresponsabilidade dos homens, que se recusam a usar preservativos.

As africanas, em pleno século XXI, estão relegadas a um papel de reprodução. O sexo é percebido como algo que deve satisfazer o homem. Grande parte das mulheres no continente é analfabeta, pobre, dependente dos homens e está sujeita a uma legislação que privilegia o comportamento masculino. Discursos abertos sobre a sexualidade não são aceitos.

Como muitos homens mantêm um comportamento sexual de risco, as africanas são vítimas de uma pandemia da doença. Atualmente, já são consideradas um vetor de transmissão. Em Gana, por exemplo, cerca de 63% das mulheres são soropositivas. Na Europa e na América do Norte, as taxas ficam entre 10% e 20%.

No Brasil, o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde confirma que a Aids está se alastrando entre as mulheres, sobretudo no interior do país. De 1980 a junho de 2001, foram registrados aproximadamente 215,8 mil casos da doença. Cerca de 56,5 mil são em mulheres. Em algumas regiões do Brasil, existem sete mulheres infectadas para cada homem. A média nacional, no entanto, é de dois homens soropositivos para cada mulher.

O boletim oficial mostra que, apesar do quadro ainda ser preocupante, há uma tendência de queda no registro de novos casos. Até 1999, eram registrados 20 mil novos casos por ano. Em 2000, foram 15 mil. Este ano, o número deve ser o mesmo. Somente na região Sul, a epidemia está crescendo. Em todo o País, dos mais de 5,6 mil municípios, cerca de 3,5 mil já registraram pelo menos um caso da doença.

Na faixa etária de 20 a 24 anos, os casos de mulheres (13,1%) com Aids já superam os dos homens (9,4%). A doença também é mais freqüente nas mulheres com idades entre 25 e 29 anos. A contaminação, segundo os especialistas nessas faixas etárias, ocorre principalmente durante a relação sexual com os parceiros estáveis.

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