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São Paulo, 28 de Junho de 2001 (eHealthLA). Os antibióticos estão se tornando impotentes diante da pneumococo, uma bactéria que causa a pneumonia, otite, bronquite e meningite.
Algumas destas doenças são muito comuns com a chegada do frio. Cada vez mais o pneumococo, uma bactéria que causa infecções graves, está se tornando resistente aos antibióticos, em especial a penicilina, e ainda não surgiu um antibiótico que a suceda com eficácia.
O pneumococo é o causador da maioria das pneumonias graves, pelo menos 1/3 das registradas em adultos. Só nos Estados Unidos morrem 40 mil pessoas por ano por infecções diversas causadas por esta bactéria. Ela também é responsável por boa parte das meningites, otites, bronquites e sinusites.
Cerca de 20% de adultos vítimas de infecção no sangue (bacteriemia), causadas pelo pneumococo, morrem. A taxa de mortalidade de pessoas com meningite causada pelo pneumococo também chega aos 20% subindo para 65% para quem tem mais de 70 anos.
Cientistas no mundo todo estão estudando este fenômeno, constatado pela primeira vez em 1965, quando Maxwell Finland, em Boston, identificou dois tipos resistentes à penicilina.
De lá para cá, as autoridades médicas têm se preocupado com o assunto e procurado investir em pesquisas para tentar uma solução, já que as evidências do crescimento da resistência desta bactéria estão comprovadas.
Na Europa, explica o pediatra Juarez Cunha, da Previne Centro de Vacinação, considera-se que 30% dos pneumococos são resistentes à penicilina. No Brasil não existem números indicativos nem literatura a respeito.
Em 1977, na África do Sul, houve 14 mortes, a maioria em crianças, cuja ação de antibióticos disponíveis não surtiram o efeito desejado. Ainda hoje, é desconhecido o tratamento ideal da meningite resultante de pneumococos resistentes à penicilina. Os números são assustadores.
Vacina como meio de prevenção
Os especialistas alertam para a importância da vacina anti-penumocócica, principalmente para os idosos (todos os com mais de 60 anos) e para os que têm doenças crônicas como bronquites, AIDS, diabetes, enfisemas, os safenados, etc.
Nos Estados Unidos, o pneumococo é considerado um problema de saúde pública principalmente para os portadores do HIV, já que é responsável pelas infecções generalizadas (septicenia), uma das principais causas de morte entre os doentes de AIDS.
A vacina atual, a Pneumo 23, usada desde 1973, protege contra 85 a 90% dos pneumococos causadores de infecção. A sua eficácia é de 70% e é considerada pelos médicos como uma medida preventiva de grande importância.
O médico e especialista em vacinas, também da clínica Previne Centro de Vacinação, Gilmar Moreschi, explica que existem 83 tipos de pneumococos. Esta vacina previne contra 23 destes chamados sorotipos. "Estes 23 sorotipos existentes na Pneumo 23 são responsáveis por cerca de 80% das infecções", aponta.
Para combater o pneumococo
Os médicos explicam que, no caso de uma pessoa portar alguma doença causada por pneumococo, a primeira medida continua sendo o antibiótico à base de penicilina, "desde que com prescrição médica", alerta o doutor Juarez Cunha.
Depois que se verifica que a doença foi resistente à penicilina, os médicos ficam obrigados a dar "tiros no escuro", tentando, por eliminação, o antibiótico que terá êxito.
Ao mesmo tempo, indica-se o exame laboratorial de sangue (hemograma), para tentar identificar qual dos 83 tipos de pneumococos está agindo e testar os antibióticos que mais provavelmente combaterão a doença.
"Só que estes exames demoram cerca de 72 horas, o que pode ser fatal para um paciente em estado grave de infecção" alerta o Dr. Gilmar Moreschi, que explica ainda que a tecnologia de cultura dos laboratórios brasileiros está atrasada em relação aos Estados Unidos e Europa.
Além disso, os especialistas do Centro alertam para o uso indiscriminado de antibióticos sem orientação médica. Cuidados especiais devem ser tomados nos hospitais, onde o antibiótico usado é de última geração e o risco de se formar bactérias resistentes é maior.
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