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Nova Técnica Pode Diminuir as Mortes por Aneurisma Abdominal

Por Kathy Fieweger

CHICAGO, (Reuters Health) – Os aneurismas mataram a lenda da ciência Albert Einstein, a comediante Lucille Ball e o ator George C. Scott, mas o tocador de trompete Jim Clark teve muito mais sorte. Ele está vivo, tocando seu instrumento e se sentindo feliz.

Diagnosticado com aneurisma da aorta abdominal em 1996, Clark, 71 anos, conseguiu esperar até o ano passado para ser tratado.

Nesta ocasião, um novo dispositivo médico chegou ao mercado, evitando uma cirurgia ampla e traumática e diminuindo enormemente o tempo de internação e recuperação; em menos de duas semanas ele voltou a sua apresentação semanal no Cypress Inn em Northbrook, Illinois, da mesma forma como o fez nos últimos 29 anos.

“Ao invés de uma cirurgia que me colocaria em um hospital por volta de uma semana a 10 dias e então 2 a 3 meses de uma recuperação muito desagradável, eu vim para o hospital na Sexta feira de manhã. Fui para casa no Domingo de manhã me sentindo magnífico”, disse Clark.

Para os 1.5 milhões de americanos como Clark que provavelmente têm este tipo de aneurisma, muitos ainda não diagnosticados, ele é como uma bomba instalada dentro do corpo com o potencial de explodir a qualquer momento. Mais de 15.000 pessoas por ano não sobrevivem, tornando os aneurismas da aorta abdominal a 13ª causa de morte.

Uma vez que o aneurisma, ou um enfraquecimento na parede de um vaso sangüíneo, é diagnosticado, uma opção típica é aguardar e observar. Isto porque a cirurgia para tratar este problema é um procedimento de grande porte, apenas relativamente seguro, que necessita de uma incisão grande e uma longa internação hospitalar e pode causar perda significativa de sangue.

Se o aneurisma for muito grande, geralmente de 5 cm ou mais, os pacientes podem ser forçados a operar. Usualmente os médicos abrem o abdome, colocam um clamp na aorta acima e abaixo do aneurisma, abrem o vaso e colocam uma prótese no local doente. A recuperação pode levar meses.

Mais de 200.000 aneurismas da aorta abdominal são diagnosticados a cada ano nos EUA. Cerca de 40.000 a 50.000 casos são operados por ano através da técnica convencional de cirurgia.

Mas agora duas empresas de equipamentos médicos, a Medtronic Inc. e Guidant Corp., estão construindo dispositivos que podem ser implantados através de incisões pequenas na artéria femoral que leva o sangue às pernas. Uma vez colocados no lugar, assim como os enxertos convencionais, eles fazem um novo trajeto para o fluxo de sangue, eliminando a pressão no aneurisma.

Usando o procedimento endovascular, os médicos reparam a lesão sem o procedimento maior da cirurgia convencional. A permanência hospitalar geralmente cai de 7-10 dias para 2 dias, e a perda de sangue é mínima. Os dispositivos intravasculares estão no mercado a menos de um ano após aproximadamente dois anos de estudos clínicos.

A aorta é a principal artéria do corpo, suprindo tanto a metade superior quanto a inferior do corpo. A aorta abdominal é a parte que alimenta estruturas abaixo do diafragma.

Logo abaixo do orifício abdominal, ela se divide em dois tubos como pernas de calças. A pressão do sangue fluindo através das paredes enfraquecidas do vaso torna a artéria como um balão, formando um aneurisma. Se ele se rompe, a pessoa morre em 80% das vezes.

As protuberâncias normalmente são associadas com placas construídas chamadas aterosclerose, como na doença cardíaca. Elas são mais comuns em homens do que em mulheres. Apesar de tipicamente encontradas em pessoas com mais de 60 anos, os jovens também podem apresentá-las.

“É uma doença assintomática, geralmente diagnosticada acidentalmente”, disse Jay Watkins, presidente do departamento de cirurgia cardiovascular da sede da Guidant em Indianapolis. Como no caso de Clark, eles poderiam encontrar o aneurisma durante um raio X de rotina ou tomografia do abdome, ou mesmo durante uma ultra-sonografia para um outro problema.

Ou o médico pode investigar em busca de um aneurisma abdominal se o paciente tem doença cardíaca devido à aterosclerose. Às vezes o médico pode sentir o balão do aneurisma durante o exame físico.

Se uma pessoa apresenta sintomas, eles incluem dor abdominal ou nas costas e, no caso de uma ruptura, dor extrema necessitando de atendimento médico de emergência.

O Dr. Christopher Ceraldi, cirurgião vascular do Kaiser Permanente's Oakland Medical Center na Califórnia, realizou seis dos novos procedimentos de reparo. Mas “se os dados a respeito da durabilidade do procedimento se mantiverem, mais e mais pessoas irão utilizar esta forma”, disse o Dr. Ceraldi em uma entrevista, “talvez mais da metade de todos os candidatos à cirurgia”.

A nova tecnologia é resultado de muitos anos de trabalho. No caso da Guidant, seu dispositivo ANCURE está em desenvolvimento há mais de uma década. “Foi uma longa distância e um longo processo de aprendizado colocando um pé na frente do outro”, disse Watkins. “Demonstrar isto ajuda você a entender de onde vem a confiança que nós temos neste novo tratamento”.

Guidant treinou mais de 900 médicos de 450 hospitais em todo o país. “A maioria senão todos os principais centros médicos já têm equipes treinadas para esta abordagem neste momento”, disse Watkins. “Este é um procedimento que está sendo realizado em quase duas mil instituições neste momento”.

O dispositivo da Guidant, com um projeto de uma única parte ou “corpo único”, é diferente do da Medtronic, que tem vários componentes diferentes cujos tamanhos podem ser utilizados de forma intercambiável.

A questão se os dispositivos serão ou não bem aceitos ainda é incerta,. No caso da cirurgia cardíaca minimamente invasiva, por exemplo, haviam muitas esperanças que o método tradicional através de incisão torácica fosse coisa do passado, mas a aceitação mundial simplesmente não se materializou, com problemas inesperados e com a cirurgia cardíaca aberta permanecendo como regra geral.

“A forma que eu adoto é que os pacientes mais jovens precisam ser claramente informados de que os dados a longo prazo com relação à durabilidade geral do dispositivo além de 3 anos realmente não é conhecida”, adverte o Dr. Ceraldi. “Em cinco anos a coisa pode não funcionar de alguma forma, ninguém realmente sabe”.

A cirurgia tradicional, ao contrário, é sabidamente eficaz por 20 anos, disse ele. Mas para os homens a cirurgia traz o risco de disfunção sexual.

A Medtronic, sediada em Minneapolis, disse que cerca de 5000 pacientes já têm um dispositivo AneuRx implantado, dando a ela 75 por cento do mercado ou mais. Com mais cirurgiões sendo treinados, a empresa prevê uma penetração ainda maior no mercado.

“Com o uso desta técnica, a qualidade de vida do pacientes pode melhorar imensamente”, disse o Dr. Chet Rees, radiologista intervencionista do Baylor University Medical Center no Texas. “Ser capaz de oferecer às 1.5 milhões de pessoas que se estima que são afligidas por esta doença potencialmente fatal uma alternativa ao método atual de tratamento é realmente um avanço”.

Clark concorda, dizendo que o tratamento realmente o comoveu. “Eu sou um tocador de trompete e eu sei que uma cirurgia de grande porte provavelmente iria me colocar fora de atividade, e talvez nem pudesse tocar novamente. Realizando a nova cirurgia na Sexta-feira, eu poderia ter tocado na próxima Quinta-feira.”

Sinopse preparada por Reuters Health

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