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Terapia de Reposição Hormonal Não Reduz Obstrução Arterial

15 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Ao contrário de alguns trabalhos anteriores, um novo estudo sugeriu que a terapia de reposição hormonal não reduz a progressão da aterosclerose - deposição de placas de gordura nas artérias - em mulheres depois da menopausa.

O estudo é o primeiro a comparar mulheres designadas aleatoriamente a tomar ou não hormônios, com um padrão.

Estudos anteriores revelaram que mulheres que tomavam hormônios depois da menopausa tinham um risco de doença cardíaca de 30 a 35 por cento menor comparadas a mulheres que não tomavam. Entretanto, não estava claro se os hormônios ou algum outro fator -- como estilo de vida mais saudável entre as usuárias do hormônio -- eram os responsáveis.

No novo estudo, a equipe de Peter Angerer, do Klinikum der Universitat Muenchen-Innestadt, em Munique (Alemanha), acompanhou mulheres que já tinham aterosclerose branda mas não apresentavam sintomas de doença cardíaca.

Os pesquisadores mediram o estreitamento da carótida, maior artéria do pescoço, em 264 mulheres. A medição foi feita no início e após um ano, tanto nas mulheres que receberam o tratamento com terapia de reposição hormonal quanto nas que não tomaram hormônio.

O espessamento da parede da carótida -- indicador do grau de aterosclerose -- aumentou levemente durante o período de um ano em mulheres que tomaram os hormônios e nas mulheres que não tomaram. Não houve diferença entre os dois grupos em termos de quantidade de aumento.

A terapia de reposição hormonal não reduziu o colesterol LDL ("ruim"), informaram os pesquisadores na edição de fevereiro do Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology: Journal of the American Heart Association.

As mulheres que receberam a terapia de reposição hormonal apresentaram mais flacidez e manchas na mama que as mulheres que não tomaram o medicamento, mas os efeitos colaterais foram semelhantes nos dois grupos, observaram os pesquisadores.

A equipe concluiu que um ano da terapia não reduziu a progressão da aterosclerose em mulheres pós-menopausa que já enfrentam um risco aumentado de doença cardíaca e derrame em virtude das suas artérias levemente obstruídas.

Esses resultados não estão em conflito com um trabalho publicado no ano passado que indicou uma redução no risco de aterosclerose em mulheres que decidiram adotar a terapia de reposição hormonal para combater os sintomas da menopausa.

"Infelizmente, temos visto muitos estudos que se dedicam a pequenas partes de um quadro geral", disse Nieca Goldberg, porta-voz da American Heart Association. "Os resultados podem estar confusos para todo mundo", disse Goldberg.

"A decisão de usar a terapia de reposição hormonal deveria ser baseada no desejo de controlar os sintomas da menopausa, em vez de evitar doença cardíaca, aterosclerose ou derrame", acrescentou Goldberg, que trabalha no Lenox Hill Hospital, em Nova York.

"As mulheres deveriam ser mais bem atendidas e obter tratamento adequado para outros fatores de risco, como pressão sanguínea e colesterol altos, para mudar o estilo de vida, fazendo mais exercício, deixando de fumar e comendo menos gordura.

Pode levar algum tempo até que os resultados das pesquisas nos permitam desenvolver um plano de terapia de reposição hormonal intensiva para todas estas coisas", disse Goldberg.

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