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Genes, e Não Trabalho, Faz Homens Morrerem Antes que Mulheres

Por Joene Hendry

NOVA YORK (Reuters Health)
- A idéia de que os homens tendem a morrer mais cedo por causa do trabalho foi definitivamente sepultada por uma pesquisadora norte-americana.

Em uma exaustiva observação sobre as razões pelas quais os homens são o verdadeiro "sexo frágil", a cientista verificou que uma combinação de diferenças em cromossomos e hormônios, além de fatores comportamentais, é muito importante.

"As taxas de mortalidade masculina são mais elevadas em praticamente todo o mundo, em todas as idades, inclusive antes do nascimento, e antes mesmo do ano 1300", disse Barbara Blatt Kalben, estatística de Seattle, à Reuters Health. Kalben é integrante da Sociedade de Estatística e concluiu uma extensa análise de três anos sobre as diferenças entre a mortalidade masculina e feminina.

Kalben observou que as estatísticas de 1998 do Fundo das Nações Unidas para População mostram que a expectativa de vida ao nascer é mais alta para mulheres que para homens em 154 países, sendo que apenas o Nepal mostra tendência contrária.

Mesmo antes de nascer, os homens estão em desvantagem. A pesquisa de Kalben mostrou que são concebidos entre 107 e 170 homens para cada 100 mulheres, mas, pelos dados de 1998 do Bureau de Censos dos Estados Unidos, apenas 105 homens para 100 mulheres sobrevivem até o nascimento.

"Depois do nascimento, a maior diferença entre taxas de mortalidade de homens e mulheres é por volta dos 22 anos de idade, quando é mais de três vezes maior para homens que para mulheres", observou Kalben.

Os dados de 1998 do Centro Nacional para Estatística em Saúde mostram que, de 72 causas selecionadas de morte, as mulheres têm uma taxa de mortalidade maior em apenas seis: câncer de mama, doença de Alzheimer, asma, febre reumática, infecções renais e morte durante a gravidez e parto.

O trabalho levou Kalben a concluir que há tanto razões biológicas e genéticas quanto sociais, culturais, ambientais e comportamentais para as diferenças de mortalidade entre homens e mulheres.

"Há evidências de que o estrogênio, principal hormônio feminino, é protetor para mulheres, enquanto a testosterona, principal hormônio masculino, é prejudicial", avaliou a pesquisadora em artigo ainda não publicado.

Kalben citou um estudo do princípio do século 20 de homens que foram castrados como tratamento para doença mental. As observações mostraram que os homens castrados viveram 0,28 ano a mais por ano após a castração, disse Kalben à Reuters Health. Também viveram mais que as pacientes mulheres, disse a especialista.

Kalben também observou que comportamentos de risco como fumar reduziram ainda mais a expectativa de vida dos homens. "Em média, os fumantes morrem nove anos antes que os não fumantes", disse a pesquisadora.

"A evidência não apóia a explicação convencional de que a maior participação dos homens na força de trabalho leva a uma mortalidade masculina maior. Na realidade, as mulheres que trabalham tendem a ter taxas de mortalidade menores, algumas vezes bem menores, que mulheres que não trabalham", disse Kalben.

"Não acho que a mortalidade entre os sexos se torne igualitária em um futuro próximo", disse a pesquisadora à Reuters Health.

Enquanto isso, Kalben oferece algum conforto para os homens que não se conformam com sua sina: eles dividem esse destino com todo o reino animal A análise da taxa de mortalidade de outros animais - incluindo vermes, crustáceos, ostras, insetos, aranhas, répteis, peixes e primatas -- mostrou que, em quase todas as espécies, as fêmeas têm taxas de mortalidade menores.

Sinopse preparada por Reuters Health

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