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Fertilização Artificial Sem Uso de Drogas Funciona, diz Estudo

01 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). As chances de que a fertilização in vitro (IVF) seja bem-sucedida podem ser tão boas se os médicos se basearem no ciclo menstrual natural feminino, em vez de usarem rotineiramente drogas para estimular os ovários na produção de óvulos extras, de acordo com um estudo de pesquisadores em Londres.

Os cientistas disseram que em 60 a 70 por cento dos casos uma série de ciclos de tratamento sem a estimulação ovariana poderia ser mais segura, menos estressante e resultar em menos nascimentos múltiplos.

Isso também poderia reduzir dramaticamente os custos, permitindo que a IVF esteja ao alcance de mais casais sem filhos.

O estudo de Geeta Nargund e sua equipe, publicado no Human Reproduction, acompanhou 181 tratamentos em 52 mulheres da Unidade de Concepção Assistida do King' s College Hospital, em Londres.

Todas as mulheres receberam tratamento com base em seus ciclos menstruais naturais e se descobriu que elas tinham quase a mesma chance de ter um bebê após uma média de três a quatro ciclos de tratamento do que mulheres submetidas ao tratamento convencional de estimulação com drogas -- 32 contra 34 por cento.

As análises de custos dos dois métodos mostraram que, no Reino Unido, os ciclos de tratamento natural poderiam ser oferecidos a 23 por cento dos custos dos ciclos estimulados, com economias entre 4.769 e 9.587 libras esterlinas por gestação.

As mulheres que mais se encaixavam no método eram aquelas com ciclos menstruais razoavelmente regulares que ovulavam normalmente, mas que tinham problemas com suas trompas de Falópio ou aquelas em que a razão da infertilidade era inexplicável.

O ciclo natural não era indicado para mulheres que não ovulam ou com ciclos menstruais muito irregulares.

"Demonstramos que essa é uma opção eficaz e que potencialmente (oferece uma boa relação) custo-benefício para certos grupos.

Com uma tendência atual de reduzir o número de embriões transferidos, nosso estudo deve abrir o debate para se uma série de tratamentos de ciclo natural deve se tornar a principal técnica de concepção para a infertilidade feminina", disse Nargund, que atualmente dirige um centro de fertilidade no Hospital St. George, em Londres, em um comunicado.

Os pesquisadores destacaram que a estimulação ovariana pode causar problemas de financiamento, éticos e médicos significativos.

A maioria dos ciclos de tratamento no Reino Unido, por exemplo, não foi financiada pelo Serviço de Saúde Nacional e a conta adicional de drogas e procedimentos extras pode aumentar significativamente os custos dos casais.

O destino de embriões extras provocam dilemas éticos e religiosos, enquanto os problemas relacionados a gestações múltiplas ainda ocorrem e aumentam significativamente o número de partos prematuros e custos subsequentes no cuidado neonatal.

"A estimulação ovariana leva mais de 5 por cento das mulheres a desenvolver a síndrome de hiperestimulação ovariana, uma condição que oferece risco de vida que afeta cerca de 1.500 mulheres anualmente no Reino Unido e 15.000 em todo o mundo", acrescentou Nargund.

"O tratamento de ciclo natural evita o risco. Existem ainda algumas inquietações de que o uso a longo prazo de estimulação ovariana pode aumentar o risco de câncer de ovário, endométrio e mama, embora esse assunto ainda precise ser resolvido por pesquisas futuras", afirmou Nargund.

Outro benefício do tratamento de ciclo natural foi que ele pôde ser condensado em ciclos consecutivos, enquanto os ciclos repetidos do tratamento estimulado tiveram que ser distribuídos por diversos meses ou mesmo anos devido à necessidade de recuperação dos ovários.

"Esse aspecto não deve ser subestimado, já que às vezes tratamentos longos pode causar estresse considerável aos casais, que podem estar colocando suas vidas na dependência do tratamento", disse Nargund.

"Claro que não estamos dizendo que não há vantagens em relação à estimulação ovariana mesmo nessas mulheres que poderiam se beneficiar dos ciclos naturais", destacou Nargund.

"A coleta múltipla de óvulos fornece embriões extras para congelamento e isso será um fator importante para ser levado em consideração a algumas mulheres", disse Nargund.

"Mas espero que as unidades de IVF em todo o mundo olhem essa pesquisa com muito cuidado e aceitem que é hora de oferecer o tratamento de ciclo natural como a principal linha de terapia (em casos) em que seja clinicamente adequado", afirmou Nargund.

Um estudo publicado na mesma revista mostra que, em camundongos, a estimulação dos ovários por drogas hormonais para a produção de mais óvulos parece prejudicar o desenvolvimento do embrião e sua probabilidade de se implantar no útero.

Gudvor Ertzeid e Ritsa Storeng, do Hospital Nacional, da Universidade de Oslo, na Noruega, descobriram um efeito adverso na estimulação da ovulação na qualidade do embrião. Somente 12 por cento dos embriões dos animais estimulados se implantaram em mães de aluguel em comparação a 25 por cento de doadores de controle.

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