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19 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). A primeira dose de uma vacina contra o câncer de colo de útero foi fornecida na quarta-feira às 100 participantes brasileiras de um estudo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), em Porto Alegre.
"O câncer de colo de útero, que apresenta altas taxas de incidência no Brasil, poderá ser o primeiro câncer a ser praticamente controlado por meio de vacina no mundo", disse Paulo Naud, professor da UFRS e coordenador da pesquisa com a vacina, à Reuters.
Desenvolvida a partir de engenharia genética e biologia molecular, a vacina contém partículas protéicas semelhantes ao papilomavírus humano (HPV), vírus sexualmente transmissível presente na maioria dos casos de câncer de colo de útero, de acordo com Naud.
"A vacina não contém frações do vírus nem o HPV enfraquecido, mas partículas com a mesma configuração do vírus que pretendem estimular a formação de anticorpos eficientes contra a instalação do HPV no organismo", explicou Naud.
De acordo com o pesquisador, as 100 participantes da pesquisa foram selecionadas entre 500 mulheres após a realização de testes que comprovaram que nenhuma delas estava infectada com o HPV.
"Foram feitos três exames: uma espécie de papanicolaou analisado nos Estados Unidos, um exame para verificar a presença do vírus analisado na Holanda e outro teste para detectar a presença de anticorpos contra o HPV feito na Bélgica", afirmou o pesquisador.
"Agora, será avaliada a imunogeneticidade da vacina, ou seja, vamos comprovar se ela realmente imuniza contra o HPV", disse Naud, acrescentando que mais duas doses da vacina serão fornecidas às mulheres, num período de seis meses.
Além disso, a vacina será testada em mais quatro centros de pesquisa brasileiros em 2001 -- um em Curitiba, dois em São Paulo e um em Fortaleza -- e os resultados da pesquisa estarão disponíveis em um ano e meio, segundo Naud. A vacina também está sendo testada em 18 centros de pesquisa nos Estados Unidos e no Canadá.
"Estamos frente ao surgimento de uma vacina que vai eliminar o câncer de colo de útero como problema de saúde pública", destacou o pesquisador.
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que o câncer de colo de útero é o segundo tipo mais comum entre a população feminina, representando aproximadamente 15 por cento de todos os tumores malignos em mulheres. E em 2001, devem ser diagnosticados 17.251 novos casos da doença, de acordo com o Inca.
No início da semana, na Grã-Bretanha, o Cancer Research Campaign anunciou o início de testes com uma nova vacina contra o câncer de colo de útero em mulheres. A vacina britânica tem como objetivo estimular o sistema imunológico a combater o HPV.
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