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Infecção prévia por dengue pode piorar os resultados do vírus Zika

17 de novembro de 2023 (Bibliomed). Pesquisadores em Nova York e no Texas identificaram que as fêmeas de saguis são mais propensas a transmitir o vírus Zika durante a gravidez se tiverem sido previamente infectadas por um vírus diferente, no caso, o vírus da dengue. As descobertas, publicadas na revista Science Translational Medicine, podem ajudar a desvendar por que o surto de Zika em 2015 levou a milhares de abortos espontâneos, natimortos e casos de defeitos congênitos permanentes.

No estudo, cientistas descobriram que saguis grávidos que já haviam sido infectadas com dengue, transmitiram 100.000 vezes a quantidade de zika vírus para seus fetos do que saguis que nunca tiveram dengue. Os saguis exibem consequências semelhantes às dos humanos após a infecção pelo vírus Zika durante a gravidez

Segundo o estudo, há muito se supõe que alguns vírus podem usar anticorpos, normalmente a defesa primária do corpo, como ingressos para entrar nas células hospedeiras e se replicar. Esse fenômeno, conhecido como "aumento dependente de anticorpo”, pode desempenhar um papel nessa situação observada.

Enquanto os pesquisadores consideravam quais anticorpos o vírus Zika poderia explorar para romper a placenta, a dengue era uma culpada óbvia. É comum em regiões tropicais, infectando mais de 390 milhões de indivíduos anualmente. E além de serem estruturalmente semelhantes ao Zika, os dois vírus são transmitidos pela picada do mosquito Aedes.

A dengue é causada por qualquer um dos quatro vírus relacionados. Quando os indivíduos que tiveram dengue são infectados com uma das outras variações, eles podem sofrer graves complicações de saúde, incluindo a morte. Supõe-se que o "aumento dependente de anticorpo” esteja envolvido nessa resposta; os pesquisadores suspeitam que o vírus Zika esteja usando o mesmo mecanismo.

Os autores acreditam que o vírus Zika tem a capacidade de explorar os mecanismos de defesa do sistema imunológico; isso provavelmente permite que o vírus atravesse a placenta, que normalmente atua como uma barreira imunológica entre a mãe e o feto, levando à interrupção do desenvolvimento neuronal fetal.

Estas descobertas sugerem fortemente que ter anticorpos para ajudar a combater um vírus pode realmente agravar os efeitos de um vírus totalmente diferente. O estudo incluiu um pequeno número de animais, então isso requer uma investigação mais aprofundada para confirmar que as descobertas são verdadeiras para os humanos e para entender melhor os mecanismos por trás desta ocorrência.

Fonte: Science Translational Medicine (2023). DOI: 10.1126/scitranslmed.abq6517.

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