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Surto de hepatite em crianças está associado a coinfecções de vírus comuns

20 de abril de 2023 (Bibliomed). Em 2022, pouco depois do relaxamento dos bloqueios causados pela pandemia de Covid-19, o mundo se assustou com relatos de casos de hepatites agudas em crianças. Foram registrados cerca de 1.000 casos em todo o mundo, com 50 crianças precisando se transplante de fígado e 22 indo a óbito.

Por muito tempo permaneceu-se o mistério sobre o que poderia ter causado a doença e pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco acreditam terem chegado a uma resposta.

Os pesquisadores associaram a doença a coinfecções de vários vírus comuns, em particular uma cepa do vírus adeno-associado tipo 2 (AAV2). Embora esses AAVs não sejam conhecidos por causar hepatite por conta própria, eles podem causar vírus "ajudantes", como adenovírus que causam resfriados e gripes.

Os pesquisadores usaram o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR), juntamente com o sequenciamento metagenômico e um método de teste molecular. Eles examinaram amostras de plasma, sangue total, swab nasal e fezes de 16 casos pediátricos no Alabama, Califórnia, Flórida, Illinois, Carolina do Norte e Dakota do Sul de 1º de outubro de 2021 a 22 de maio de 2022.

AAV2 foi detectado em 93% dos casos e adenovírus humanos foram encontrados em todos os casos. Um tipo específico de adenovírus ligado à gastroenterite foi encontrado em 11 casos. Coinfecções adicionais com vírus, incluindo Epstein-Barr, herpes e enterovírus, foram encontradas em cerca de 86% dos casos.

As descobertas espelharam os resultados de dois estudos simultâneos conduzidos no Reino Unido, disse Chiu. Estes identificaram a mesma cepa AAV2. Todos os três estudos identificaram coinfecções de vários vírus. Cerca de 75% das crianças no estudo dos EUA tiveram três ou quatro infecções virais.

Os autores do estudo observaram que as crianças podem ser especialmente vulneráveis a hepatites mais graves desencadeadas por coinfecções. Embora as infecções por vírus adenoassociados possam ocorrer em qualquer idade, o pico é tipicamente entre 1 e 5 anos de idade. A idade média das crianças afetadas no estudo foi de 3 anos.

Fonte: Nature. DOI: 10.1038/s41586-023-05949-1.