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Criadores de Dolly Desenvolvem Pesquisa com Células Humanas

Por Richard Woodman

LONDRES (Reuters Health) - A empresa de biotecnologia famosa por criar a ovelha Dolly anunciou na sexta-feira que pretende usar células-tronco humanas para criar células das ilhotas produtoras de insulina para o tratamento da diabete.

A PPL Therapeutics disse que uma nova empresa subsidiária vai desenvolver o trabalho.

Ron James, diretor administrativo, afirmou que a empresa pretendia reforçar o planejamento de seu produto após assinar um acordo com a Bayer, em agosto, para desenvolver o principal produto da PPL, alfa-1-antitripsina, para o tratamento da fibrose cística e do enfisema hereditário.

"Parte disso será baseado na pesquisa que estamos desenvolvendo sobre a produção ética de células-tronco humanas, que têm o potencial de gerar uma série de terapias celulares, umas das quais é a produção de células das ilhotas produtoras de insulina para o tratamento de diabetes", explicou James.

Em entrevista por telefone, James disse à Reuters Health que a PPL planeja um ataque de duas frentes, utilizando células-tronco humanas e porcos geneticamente modificados para tentar produzir células das ilhotas.

As células das ilhotas são células produtoras de insulina encontradas no pâncreas que são destruídas na diabetes do tipo 1. Normalmente essa forma da doença é diagnosticada em crianças e adultos jovens e leva à dependência de injeções de insulina para a sobrevivência por toda a vida.

Acredita-se que células-tronco humanas, que podem ser derivadas de embriões, constituem uma grande promessa no tratamento da diabetes e outras doenças devido a sua capacidade de se desenvolver em diferentes tipos de células.

O uso de embriões humanos, no entanto, é muito controverso.

"Temos um método de obtenção de células-tronco humanas que não passa pelo estágio embrionário, de modo que não criamos e destruímos um embrião. Desse modo, evitamos qualquer controvérsia nessa área", afirmou James.

"Agora, precisamos aprender como fazer com que células-tronco se tornem células das ilhotas. Sabemos que elas têm o potencial de fazer isso, no entanto temos que aprender exatamente como fazer com que elas se transformem nessas células", acrescentou o pesquisador.

"Esta é uma frente do ataque. A outra solução potencial é usar células das ilhotas de porcos geneticamente modificados. Os dois projetos vão ser realizados em paralelo", disse James. O pesquisador afirmou que a pesquisa com células-tronco humanas será desenvolvida no Reino Unido e o trabalho dos porcos transgênicos será feito nos Estados Unidos, onde a empresa já realiza um projeto de transplantes de animais para humanos.

A nova pesquisa vai levar "alguns anos -- menos de dez", disse James.

"Esta é uma pesquisa. Não podemos ter 100 por cento de certeza de que vamos alcançar bons resultados nos dois projetos. Acreditamos, no entanto, que ambos podem ser potencialmente atingidos. Vamos desenvolver primeiro o que obtiver resultados antes", disse o pesquisador.

A PPL afirmou que a idéia de produzir células de ilhotas tem ganhado credibilidade com os recentes avanços no Canadá, onde células de ilhotas de doadores que não apresentavam compatibilidade foram transplantadas para os fígados de sete pacientes diabéticos, onde agiram da mesma forma que células de ilhotas produtoras de insulina normais.

Os pacientes não precisam mais de terapia de insulina, desde que a operação foi realizada, há mais de um ano.

"Esse novo avanço mostra ser uma grande promessa, mas é muito limitado devido à escassez de doadores de pâncreas, já que pelo menos três pâncreas são necessários para fornecer células de ilhotas suficientes para tratar um paciente diabético", afirmou a empresa.

Sinopse preparada por Reuters Health

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