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Por Merritt McKinney
NOVA YORK (Reuters Health) - Drogas que reduzem os níveis de colesterol no sangue, chamadas estatinas, podem diminuir o risco de senilidade em pessoas mais velhas, sugere um estudo preliminar.
O risco de senilidade foi mais de dois terços menor em pessoas que tomaram estatinas do que em pessoas que não receberam os medicamentos, de acordo com uma pesquisa publicada na edição de 11 de novembro de The Lancet.
"Se comprovadas, as implicações deste estudo observacional são consideráveis", afirma uma equipe de pesquisadores liderada por Hershel Jick, da Escola de Medicina da Universidade de Boston, em Massachusetts.
"Essas descobertas sugerem que o uso de estatinas pode reduzir substancialmente o risco de senilidade em idosos, seja retardando sua manifestação ou impedindo alterações específicas ou gerais relacionadas à idade e que resultam em deterioração cognitiva", dizem os pesquisadores.
Um dos autores do estudo disse à Reuters Health, no entanto, que mais pesquisas são necessárias para confirmar as descobertas.
"O efeito aparente das estatinas na redução do risco de senilidade é uma descoberta intrigante, mas não definitiva", afirmou David A. Drachman, da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, em Worcester.
O estudo analisou pessoas da população que tomaram as drogas no passado, um modelo de estudo que não responde à questão de modo conclusivo. Por exemplo, pessoas com melhores condições econômicas e mais educadas -- que tendem a apresentar um risco menor de senilidade -- podem estar mais propensas a tomar drogas que diminuem o nível de colesterol no sangue.
A única forma de determinar de maneira conclusiva a relação seria recrutar ao acaso pessoas para receber estas drogas ou placebo (uma pílula inativa) e acompanhá-las durante um período para verificar quais desenvolvem senilidade.
Drachman destacou que estudos para determinar como as estatinas podem reduzir o risco de senilidade também serão importantes.
A senilidade afeta cerca de dez por cento das pessoas com 65 anos ou mais. As causas do declínio gradual na função mental variam, no entanto, acredita-se que a função dos vasos sanguíneos tem um efeito no desenvolvimento de alguns casos de senilidade.
Para verificar se as estatinas afetam o risco de senilidade, os pesquisadores compararam 284 pessoas com 50 anos ou mais que apresentavam senilidade com 1.080 pessoas com idade similar sem senilidade.
Quando os cientistas levaram em consideração fatores que poderiam afetar o risco de senilidade, como fumo, idade e sexo, descobriram que pessoas com colesterol alto que tomavam estatinas estavam mais de 70 por cento menos propensas a apresentar senilidade do que pessoas que não tinham colesterol alto ou que não estavam tomando drogas para reduzir os níveis de colesterol.
As estatinas podem diminuir o risco de enfarte reduzindo os níveis do "mau" colesterol, o LDL, e aumentando os níveis do "bom" colesterol, o HDL.
Além disso, pessoas tomando estatinas estavam menos propensas a desenvolver senilidade do que pessoas com colesterol alto que estavam recebendo drogas para baixar o colesterol que não eram estatinas, de acordo com o estudo.
O estudo não recebeu financiamento externo, no entanto, o Boston Collaborative Drug Surveillance Program, onde muitos dos pesquisadores trabalham, é financiado em parte por diversas empresas farmacêuticas.
Sinopse preparada por Reuters Health
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