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Longevidade Extrema Pode ser Traço Familiar

Por Alan Mozes

NOVA YORK (Reuters Health) - Pela primeira vez, pesquisadores reuniram evidências circunstanciais de que algumas famílias possuem uma predisposição genética para viver cem anos ou mais, contrariando as teses científicas convencionais, segundo as quais os cuidados, e não a natureza, determinam se uma pessoa vai viver muito ou não.

"Acho que as pessoas sempre desconfiaram que a longevidade é uma característica familiar, mas este é o primeiro trabalho a mostrar que realmente podem existir casos extremos de famílias em que vários membros ou irmãos chegam a idades bastante avançadas", disse Thomas Perls, da Escola de Medicina de Harvard, de Boston, Massachusetts.

Perls e seus colegas analisaram as árvores genealógicas de quatro famílias norte-americanas, todas com histórico de irmãos que viveram por mais de 90 anos. O estudo está na edição de novembro do Journal of the American Geriatrics Society.

A equipe comparou a expectativa média de vida de pessoas nascidas em 1801, 1850 e 1900 com a idade de membros dos quatro grupos familiares.

Embora não tenham levado em conta fatores ambientais capazes de influenciar os índices de sobrevivência -- tais como cuidados na infância e prevenção de doenças -, Perls e sua equipe identificaram nessas famílias grupos de irmãos que viveram muito além da média de sua época.

Os especialistas destacam que as chances de uma família típica do século 19 ter seis irmãos com mais de 90 anos eram de apenas 10 por cento, mas foi esse justamente o caso de uma família de New Hampshire em que um homem e quatro mulheres viveram mais de cem anos.

Em outra família pesquisada, 50 por cento dos 46 parentes da mesma geração viveram entre 90 e 106 anos.

Os especialistas concluíram que esses números não podem ser simplesmente atribuídos ao acaso e que a genética deve desempenhar um papel importante no fenômeno, até porque esse grupo de centenários incluía primos que não foram criados juntos na infância.

Em entrevista à Reuters Health, Perls ressaltou que a Nova Escócia, o corredor norte do meio-oeste norte-americano e a ilha italiana da Sardenha parecem ter as maiores concentrações dessas famílias longevas.

"Estamos entusiasmados com a descoberta dessas famílias", afirmou.

"Procuramos por famílias assim -- e aquelas em que há apenas dois irmãos que vivem até idade avançada -- em nossa busca por genes que podem desempenhar um papel importante em pessoas que vivem mais de 80 anos, gozando de boa saúde", disse o pesquisador.

"Nossa esperança é que com a identificação desses genes possamos entender por que as pessoas envelhecem de maneira diferente umas das outras e, talvez, aprender como evitar a ocorrência de doenças associadas à velhice, como derrame, ataque cardíaco, câncer e mal de Alzheimer, uma proteção que é natural nesses centenários."

Sinopse preparada por Reuters Health

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