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Mutação em um Gene Causa Resistência de Protozoário da Malária

Por Maggie Fox

WASHINGTON (Reuters) - Um único gene torna o agente causador da malária resistente à principal droga para tratar a doença, a cloroquina, afirmaram pesquisadores na quinta-feira.

A descoberta pode facilitar o desenvolvimento de novos medicamentos para tratar o mal, além de retomar o uso da cloroquina -- uma droga barata e eficaz que se tornou inútil em muitas regiões devido à forma mutante do microorganismo.

A transmissão da Malária é feito através da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, que necessita de sangue para a produção de ovos. Com a saliva do mosquito penetram também no organismo protozoários do gênero Plasmodium, que pelo sangue chegam ao fígado e ao baço. Nestes locais eles se reproduzem dentro das hemácias do sangue onde crescem em número e as arrebentam. Depois da ruptura, mais microorganismos são liberados no sangue e mais glóbulos vermelhos são invadidos.

Os ciclos de destruição das células provocam febres altas repentinas, tremores, calafrios e grande produção de suor. A malária também pode provocar anemia, por causa da destruição de glóbulos vermelhos, e problemas cerebrais.

A malária atinge entre 300 milhões a 500 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano e mais de um milhão de pessoas -- a maioria delas crianças pequenas -- morrem da doença por ano.

A cloroquina, baseada no mesmo composto da casca de árvore usado na quinina, foi desenvolvida como parte de um programa na década de 40. O protozoário, no entanto, desenvolveu, gradualmente, resistência à droga e sua forma mutante espalhou-se para todos os continentes afetados pela malária.

"A resistência à cloroquina não surgiu até a década de 50", disse Thomas Wellems, do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (Niaid), dos Estados Unidos.

"Isso levou muito tempo. Este longo período significa que foi um complicado processo genético", afirmou Wellems, acrescentando que a malária resistente à cloroquina só atingiu a África na década de 70.

Cientistas acreditavam que muitos genes estariam envolvidos na resistência à cloroquina, o que tornaria o problema difícil de ser entendido. Wellems e sua equipe, no entanto, descobriram que entre quatro e oito pequenas mutações em um gene conhecido como PFCRT parecem responder pela resistência à cloroquina em protozoários da Ásia, África e América do Sul.

Wellems e sua equipe afirmam, na edição de 20 de outubro de Molecular Cell, sua descoberta indica que é possível modificar um pouco a fórmula da cloroquina para que ela seja eficaz contra o parasita mutante.

"Sabemos que existem certos agentes reversos que podem ser administrados com a cloroquina para dar a ela um novo sentido", afirmou Wellems.

"Uma boa hipótese é que, eventualmente, podemos alterar a droga cloroquina de maneiras específicas e elas podem ser ativas contra certas cepas", acrescentou o pesquisador.

No lugar da cloroquina, médicos recomendam a mefloquina, vendido como Lariamar, pelo laboratório Roche. No entanto, existem reclamações de que a droga pode causar estranhos efeitos colaterais psiquiátricos como sonhos bizarros.

Sinopse preparada por Reuters Health

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