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USP Faz Levantamento Inédito Sobre Refluxo Gastroesofágico

No ocidente, entre 36% e 45% da população sofrem deste distúrbio digestivo.

O Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo está trabalhando em um levantamento inédito no Brasil sobre a DRGE (Doença do Refluxo GastroEsofágico), distúrbio digestivo que atinge entre 36% e 45% da população ocidental.

O levantamento demográfico da DRGE avaliará dados sobre sexo, idade, apresentação clínica, evolução, complicações e tratamentos habitualmente empregados nos pacientes com seus resultados.

A DRGE apresenta como principal sintoma a sensação de queimação ou azia e regurgitação (quando o conteúdo do estômago sobe em direção à garganta). Contudo, pode se manifestar até mesmo através de uma dor aguda no peito, facilmente confundida com a dor de origem cardíaca. Além disso, em outras situações, pode também causar asma, tosse crônica, rouquidão, faringites e laringites. Na maioria dos casos, é apenas irritação da mucosa causada pelo refluxo do conteúdo ácido do estômago para o esôfago. Quando o refluxo é muito freqüente, provoca erosões (pequenas feridas) na parte inferior do esôfago - anormalidade detectada pelo exame denominado endoscopia. As causas do DRGE são orgânicas, mas os sintomas podem ser agravados pelo estresse e hábitos alimentares inadequados.

Trata-se de uma doença com reflexos não apenas fisiológicos mas também psicossociais, já que o incômodo provocado pelos sintomas afeta o sono, a vida sexual, a prática de exercícios e o desempenho no trabalho - condições que se resumem no conceito de qualidade de vida.

Nos Estados Unidos, 60 milhões de pessoas sofrem de DRGE. Apenas uma minoria destes pacientes procura atendimento médico, dificultando uma avaliação mais precisa da extensão do problema.

Este cenário é confirmado por um estudo realizado recentemente nos Estados Unidos, país em que 48% das pessoas diagnosticadas com DRGE esperaram mais de três meses antes de procurar um médico e 26% aguardaram mais de um ano para se consultar. Na maioria dos casos, os pacientes confundiam com outras doenças ou consideravam suficiente a automedicação.

Em junho deste ano, foi realizado em São Paulo o I Consenso do DRGE. Mais de 50 especialistas chegaram a recomendações em comum para as pessoas que sofrem de DRGE:

· Eleve a cabeceira de sua cama cerca de 15 cm, usando um calço nos pés do lado da cabeceira;

· Nunca se deite após refeições; aguarde no mínimo 90 minutos;

· Evite refeições pesadas ou volumosas à noite;

· Evite alimentos que favorecem o refluxo: frituras, gorduras, tomate e molhos de tomate, alho, cebola, doces, chocolate, mentolados, refrigerantes, bebidas alcoólicas, café, chá preto e mate;

· Evite alimentos que irritem a mucosa gástrica;

· Não fume;

· Evite medicamentos que agridem a mucosa gástrica: anti-inflamatórios não esteróides, quinidina e deoxiciclina;

· Evite medicamentos que diminuem a pressão do esfíncter inferior do Esôfago: teofilina, anticolinérgicos, beta-bloqueadores, nitratos, bloqueadores do canal de cálcio.

O levantamento brasileiro deve ser divulgado no segundo semestre de 2001.

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