Folhetos de saúde

Artrite reumatóide do adulto

© Equipe Editorial Bibliomed

O que é?

A artrite reumatóide é uma doença caracterizada pela inflamação em diversas partes do corpo, mais proeminentes nas articulações (ou juntas). Tem evolução crônica, ou seja, acompanha o indivíduo por longos períodos.

A artrite reumatóide do adulto é duas a três vezes mais comum nas mulheres do que nos homens. Afeta mais comumente indivíduos entre 30 a 60 anos de vida.

Qual a sua causa?

A causa da artrite reumatóide permanece desconhecida. Acredita-se que pode estar associada a fatores genéticos dos portadores, alterações na imunidade (sistema de defesa do organismo), presença de infecção microbiana que inicia o processo inflamatório ou é responsável pela sua manutenção a longo prazo.

Como se identifica?

As manifestações da artrite reumatóide são muito variáveis. O mais usual é o desenvolvimento lento e gradual de dor e rigidez nas articulações, ao longo de semanas a meses. As juntas inicialmente afetadas são os punhos, ombros, joelhos, pequenas articulações das mãos. Associam-se mal estar, cansaço e algumas vezes febre geralmente baixa.

Com o evoluir da doença nota-se inchaço ao redor das articulações, aumento da sensibilidade local, além de coloração azulada ou avermelhada dessas regiões. O padrão de acometimento das juntas costuma ser poliarticular (afeta cinco ou mais articulações) e simétrico (as articulações dos dois lados do corpo são afetadas).

O início dos sintomas costuma consistir em rigidez nas juntas que dura mais de uma hora, usualmente pela manhã ou depois de um período de inatividade. Com o passar do tempo, surge maior dificuldade de movimentação das juntas afetadas, devido a dor e rigidez. As atividades cotidianas passam a ser gravemente comprometidas. Também alteram-se os hábitos de sono, podendo associar-se depressão e perda de peso.

Aproximadamente um em cada cinco pacientes tem início abrupto das manifestações articulares, no decorrer de um ou mais dias. Essa forma de apresentação demora um pouco mais para ser diagnosticada, pois é comum a confusão com outras doenças que apresentam manifestações clínicas semelhantes.

Como se estimam as incapacidades geradas pela doença?

São muitas as classificações das incapacidades produzidas pela artrite reumatóide, porém a mais aceita é a que subdivide a incapacidade em quatro classes.

Classe I: não há restrição na capacidade de se realizar as atividades cotidianas.

Classe II: nota-se restrição moderada, porém ainda com capacidade de realizar a maioria das atividades do dia-a-dia.

Classe III: a restrição é acentuada, com incapacidade de fazer a maioria das atividades cotidianas, inclusive as profissionais.

Classe IV: incapacidade a ponto do paciente ficar restrito ao leito ou a cadeira de rodas.

Quais os objetivos da terapia?

Os principais objetivos do tratamento da artrite reumatóide do adulto são aliviar a dor e rigidez das juntas e diminuir o processo inflamatório instalado. Deve-se também tentar minimizar os efeitos adversos dos medicamentos usados, preservar a força da musculatura e a função das juntas afetadas, bem como manter um padrão de vida normal, sem restrições, na medida do possível.

As medidas mais eficazes no controle da doença são repouso adequado, uso de medicação antiinflamatória e condutas para manter adequada função articular.

O repouso mostra-se mais importante nas crises agudas de inflamação, uma vez que está associado à redução da intensidade do processo inflamatório sistêmico geral. Também é essencial manter todo o tipo de movimentação das juntas, o que costuma ser obtido com programas de atividades físicas controladas. O exercício físico realizado após aplicação de calor local nas juntas inflamadas, contribui de forma substancial para preservação da mobilidade articular e evita a ocorrência de atrofia muscular associada.

Como tratar a artrite reumatóide?

A classe de medicamentos mais usados no controle da inflamação produzida pela artrite reumatóide são os antiinflamatórios não esteroidais. Seu uso está associado à redução da intensidade das manifestações clínicas da doença, bem como à redução das seqüelas a longo prazo. O AAS é um dos medicamentos mais utilizados.

Comumente é necessária a troca de um medicamento da classe por outro, a fim de se minimizarem os efeitos adversos. Os mais comuns efeitos colaterais são sangramentos digestivos, sendo que um dos mais graves é o acometimento renal.

Os corticóides são outro tipo de agente antiinflamatório usado no controle da artrite reumatóide. Em virtude dos seus efeitos colaterais, o uso a longo prazo desses medicamentos é restrito aos pacientes com acometimento articular que não responde aos antiinflamatórios não esteroidais, ou aqueles com doença agressiva e progressiva.

Outros medicamentos de ação mais lenta, como os antimaláricos, metrotrexato, sais de ouro, penicilamina, sulfassalazina e minociclina têm seu uso restrito a formas mais graves da doença. Apresentam maior espectro de efeitos adversos, porém quando adequadamente usados contribuem substancialmente para o controle dos sintomas.

Lembre-se, somente seu médico poderá determinar o tratamento mais adequado para sua condição específica.

Fonte:

Arnett FC. Artrite reumatóide. In: Goldman L, Bennet JC. CECIL Tratado de Medicina Interna. 21a ed, editora Guanabara Koogan S.A. RJ, 2001: 1662 – 1670.