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Dieta na Doença de Crohn

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Como a doença de Crohn interfere com a digestão?
- A doença de Crohn pode ser causada por alergia aos alimentos?
- Existe algum alimento específico capaz de piorar a inflamação intestinal na doença de Crohn?
- Quem sofre de Crohn deve seguir alguma dieta especial?
- Qual é a melhor maneira para diminuir as cólicas intestinais após a alimentação?
- Pessoas com Crohn conseguem absorver os alimentos normalmente?
-
É preciso tomar vitaminas?

A preocupação com a nutrição é comum em pessoas que sofrem de doença de Crohn. Além da necessidade de manter um bom estado nutricional, a dieta pode afetar os sintomas e influenciar o processo inflamatório da doença.

Como a doença de Crohn interfere com a digestão?

Boa parte do trabalho do sistema digestivo ocorre no intestino delgado, que se inicia logo após o estômago. É neste trecho que as enzimas digestivas do fígado e do pâncreas se misturam com o bolo alimentar, resultando em moléculas nutritivas que são absorvidas pela mucosa intestinal e distribuídas pela corrente sangüínea para o resto do corpo.

Os resíduos sólidos e líquidos que não são digeridos no intestino delgado passam para o intestino grosso, ou cólon. O intestino grosso reabsorve boa parte da água presente neste bolo, e o resíduo final é eliminado na forma de fezes.

Na doença de Crohn o intestino delgado se inflama e perde a capacidade de digerir e absorver os nutrientes presentes na alimentação. Este é um dos motivos pelos quais as pessoas com Crohn desenvolvem desnutrição e perdem o apetite. Além disso, a digestão incompleta dos alimentos pode causar diarréia crônica e severa.

A doença de Crohn pode ser causada por alergia aos alimentos?

Não. Apesar de algumas pessoas apresentarem reações alérgicas a determinados alimentos, a doença de Crohn não está relacionada à alergia alimentar.

Existe algum alimento específico capaz de piorar a inflamação intestinal na doença de Crohn?

A doença de Crohn não é causada pela dieta, mas sabe-se que certos alimentos podem agravar os sintomas. Obviamente, qualquer alimento contaminado capaz de causar intoxicação alimentar ou disenteria irá agravar as manifestações da doença de Crohn.

Contudo, não existem recomendações dietéticas universais. Se um determinado alimento lhe causa problemas intestinais, você deve evitá-lo. Mas é importante diferenciar a verdadeira alergia alimentar (rara) da simples intolerância (mais comum). Manter um "diário alimentar", registrando nele suas refeições e os sintomas associados é uma medida prática e eficaz para fazer esta diferenciação. Na próxima consulta, leve seu diário para ser avaliado pelo médico ou nutricionista.

Quem sofre de Crohn deve seguir alguma dieta especial?

Como mencionado, não existe uma dieta universal para toda as pessoas. As recomendações nutricionais devem ser feitas caso a caso, de acordo com seus gostos e tolerância. Além disso, a doença de Crohn não é estática: ela muda com o tempo, e os padrões alimentares podem refletir estas mudanças. O ponto-chave é manter uma dieta balanceada e saudável, tomando uma boa quantidade de líquidos durante o dia.

A nutrição adequada deve ser uma preocupação constante. A perda de apetite, a diminuição no paladar, o aumento da necessidade de calorias, e o comprometimento da digestão de proteínas, carboidratos, vitaminas e sais minerais pode resultar em desnutrição, desidratação, diminuição do ritmo de crescimento em crianças, e alterações menstruais, entre outros.

Qual é a melhor maneira para diminuir as cólicas intestinais após a alimentação?

Durante os períodos de crise, a alimentação pode piorar as cólicas abdominais. Algumas dicas podem ser úteis para reduzir estes sintomas:

  • Faça as refeições em pequenas quantidades, aumento a freqüência. Por exemplo: 5-6 pequenas refeições ao longo dia, distribuídas a cada 3-4 horas, ao invés das tradicionais 3 grandes refeições.
  • Reduza a quantidade de gordura: manteiga, margarina, cremes e outros podem aumentar a produção de gases e causar diarréia.
  • Se você possui intolerância à lactose, diminua o consumo de leite e derivados.
  • Diminua o consumo de alimentos ricos em fibras. Se você possuir áreas de estreitamento no intestino (comuns em pessoas que sofrem de Crohn), uma dieta rica em fibras vegetais pode provocar contrações e piorar as cólicas. Além disso, como estes alimentos não são completamente digeridos no intestino delgado, eles podem intensificar a diarréia.
  • Siga corretamente as orientações e receitas do seu médico. Tomar antiespasmódicos ou antidiarreicos 15-20 minutos antes das refeições pode ajudar a controlar os sintomas, mas estes remédios devem ser evitados nas pessoas com doença mais severa.

Pessoas com Crohn conseguem absorver os alimentos normalmente?

Quase sempre, sim. Mas até 40% das pessoas afetadas não conseguem absorver adequadamente os carboidratos na dieta. Isto resulta em aumento na formação de gases e maior incidência de diarréia.

Se a doença afetar apenas a porção final do intestinal delgado, a absorção dos alimentos será adequada, com exceção da vitamina B12.

Algumas medicações utilizadas no tratamento da doença de Crohn podem interferir com a absorção de outros elementos, como o ácido fólico.

É preciso tomar vitaminas?

Isto dependerá da extensão e da localização da doença.

Você viu acima que a vitamina B12 é absorvida na porção final do intestino delgado. Isto significa que pessoas que sofrem de inflamação neste segmento ou que tiveram esta parte do intestino removida cirurgicamente devem fazer uso de suplementos de vitamina B12. Normalmente, isto é feito com injeções intramusculares mensais da vitamina.

A deficiência de outra vitamina do complexo B, o ácido fólico, também costuma ser comum em pessoas estejam utilizando o medicamento sulfassalazina. Nestes casos, é recomendável tomar 01 comprimido de ácido fólico por dia (mínimo de 1 mg de ácido fólico) como suplemento.

Na maioria das pessoas com Crohn, os médicos indicam o uso de suplementos multivitamínicos periodicamente. No final das cotas, isso evita a deficiência de vitaminas A, E, K, D e do complexo B, além de vários sais minerais (p.ex.: ferro, potássio e magnésio) e outros oligoelementos.

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12 de fevereiro de 2009