Artigos de saúde
Neste artigo:
- Introdução
- O ponto V
- feromônios Humanos – o sexto sentido?
- Amor ao primeiro cheiro
- A escolha do "cheirinho ideal"
- A indústria da atração
- Perspectivas
"A palavra feromônio deriva do grego e significa "que
transmite excitação". São substâncias que funcionam como mensageiros entre seres
da mesma espécie, desencadeando respostas fisiológicas e comportamentais
previsíveis. Eles foram originariamente descritos em insetos, nos quais
apresentam importância fundamental para a preservação da espécie. Podem agir,
por exemplo, atraindo o macho até a fêmea, ou retardando a maturação sexual em
abelhas fêmeas, que então se tornariam operárias."
Introdução
A importância dos feromônios, nos mamíferos, é menor, em
parte devido ao desenvolvimento de outras formas de comunicação, como expressões
faciais, gestos e linguagens. Os mamíferos, exceto o homem, possuem glândulas
especiais que produzem feromônios, e como não possuem antenas, eles
desenvolveram um órgão chamado "Órgão Vomeronasal" (OVN), que funciona como um
receptor de feromônios. Esse órgão é mais sensível que o olfato, já que
consegue detectar quantidades mínimas de moléculas.
O "ponto V"
O papel do olfato, em seres humanos, é inegável. Basta
olharmos a milionária indústria dos perfumes. Entretanto, parece claro que as
relações humanas são governadas por muito mais do que sinais químicos. Assim, o
papel dos feromônios nas relações entre homens e mulheres tem sido alvo de
grande controvérsia entre os pesquisadores.
A existência do OVN em fetos humanos é bastante conhecida,
mas em adultos a questão é complexa. Alguns pesquisadores conseguiram
demonstrar, através de estudos anatômicos e de imagem, a existência desse órgão
no teto da cavidade nasal de alguns indivíduos estudados, mas não em todos.
Outros estudiosos avaliaram se as células desse órgão, em humanos, respondiam a
estímulos, mas os resultados encontrados foram conflitantes. Entretanto, como
afirma o pesquisador Michael Meredith: "A presença ou a ausência de feromônios
e de seu papel na comunicação entre seres humanos independe da existência e/ou
da funcionalidade do OVN humano".
feromônios Humanos – o sexto sentido?
O pesquisador McClintock estudou garotas que utilizavam o
mesmo dormitório em um colégio, e foi um dos primeiros a relatar o sincronismo
do ciclo menstrual entre essas garotas. Para Terence Monmaney, essa seria a
evidência mais forte da existência de feromônios na espécie humana. Entretanto,
ele mesmo afirma que esse sincronismo teria sido alcançado porque as garotas
comiam, estudavam, tomavam banho, conversavam e passavam toda a noite juntas,
além de passarem por estresses e alegrias semelhantes e não devido a mensagens
químicas.
Em outro estudo, Russel coletou amostras de suor da axila de
uma mulher com ciclo menstrual regular. Com essa amostra, ele produziu uma
solução alcoólica e a aplicou no lábio superior de um grupo de mulheres. Para
comparar, ele aplicou em outro grupo de mulheres apenas o álcool. Os resultados
encontrados foram que as mulheres que usaram a solução com suor apresentaram
sincronização de seus ciclos menstruais.
Outras evidências a favor da existência de feromônios e de
seu papel na espécie humana vêm de estudos realizados com recém-nascidos. Foi
demonstrado que eles são capazes de reconhecer peças de roupa usadas por suas
mães e de repelir as usadas por estranhos. Já as mães seriam capazes de
reconhecer, no meio de uma pilha de roupas, as que foram usadas por seus filhos.
Apesar disso, não se tem certeza se esses fatos seriam realmente devidos aos
feromônios.
Soma-se a isso a observação de que pessoas afetadas por
determinadas doenças que cursam com perda do olfato apresentam dificuldades de
relacionamento, inclusive com perda do desejo sexual.
Amor ao primeiro cheiro
Aparentemente, o olfato parece ter uma implicação importante
no comportamento sexual humano. Foram descobertas várias substâncias presentes
em secreções corporais que poderiam atuar como feromônios sexuais, como por
exemplo, a androstandienona do suor masculino e as copulinas da secreção
vaginal.
Alguns estudos foram realizados usando-se substâncias
semelhantes aos feromônios, baseados na hipótese de que os feromônios com
função atrativa sexual apresentariam odor agradável. Entretanto, os resultados
não confirmaram essa hipótese, levando à conclusão de que odores agradáveis não
necessariamente significam atração sexual. Aliás, algo facilmente reconhecido é
que nem todo odor agradável tem associações sexuais.
Jennings-White estudou as respostas do OVN humano a
substâncias semelhantes aos feromônios e encontrou que as mais ativas foram:
estratetraenol e androstandienona. Também relatou que elas são sexo-específicas,
ou seja, a primeira atua sobre os homens e, a segunda, sobre as mulheres. Os
feromônios de outras espécies não mostraram ação sobre o OVN humano.
Parece que, como em outros mamíferos, através dos feromônios,
as mulheres conseguiriam evitar parceiros com alguns tipos de genes semelhantes
aos dela, como um mecanismo "antiincesto". Isso seria conseguido através de
substâncias específicas exaladas por cada indivíduo.
Em um estudo publicado em 1999, os pesquisadores avaliaram as
respostas de homens e mulheres com relação à simetria e ao odor corporais. Foi
percebido que a sensualidade do odor é um indicador mais relevante na escolha do
parceiro, mais do que simplesmente se o odor é agradável ou não. Um achado
interessante foi o de que as mulheres percebem mais a diferença entre um odor
agradável e um odor sensual durante a fase mais fértil do ciclo menstrual.
Assim, foi concluído que o odor corporal é um fator relevante na escolha do
parceiro.
A escolha do "cheirinho ideal"
Enquanto os homens parecem, claramente, escolher parceiras
que apresentam um equilíbrio desenvolvido, ou seja, são mais capazes de lidar
com problemas, o papel desse fator na escolha feminina mostra-se mais complexo.
De acordo com a teoria parental, a escolha feminina estaria
baseada em parceiros capazes de fornecer benefícios materiais, proteção e
cuidados para a sobrevivência dos filhos. Por outro lado, os felizardos devem
também oferecer vantagens hereditárias à descendência. Mas parece que esses
dados nem sempre andam juntos. Os homens mais atraentes e com corpo mais
simétrico (e possivelmente com maior equilíbrio) teriam maiores chances de
aumentar seu potencial reprodutivo com múltiplas parceiras do que investindo em
construir uma única família. Alguns pesquisadores demonstraram que os homens
mais atraentes e simétricos apresentam mais relações intra e extraconjugais.
A estratégia feminina para escolher um parceiro teria, então,
que estabelecer um acordo entre as necessidades materiais e os benefícios
genéticos. A melhor solução seria que a mulher, em primeiro lugar, procurasse um
parceiro no qual o investimento a longo prazo fosse mais confiável e, então,
tentasse otimizar a carga genética de seus filhos mantendo relações com homens
mais atraentes. Nessa questão, Baker afirma que, mulheres mais avançadas na
escala de evolução, apresentam uma tendência aumentada a fazer uma "busca por
genes", através de relações extraconjugais. Os sinais olfatórios e as respostas
desencadeadas por eles seriam as pistas mais importantes nessa busca.
No período próximo à ovulação, as mulheres estariam mais
sensíveis aos feromônios masculinos, quando comparado às outras fases do ciclo.
Isso poderia explicar os resultados encontrados no estudo citado acima. Além
disso, parece que os efeitos dos feromônios estariam na dependência da atuação
do sistema imune do indivíduo que percebe o odor.
A indústria da atração
Muitas são as empresas que têm investido no ramo lucrativo da
atração sexual entre homens e mulheres. Mesmo não tendo sido provados a
existência e o real papel dos feromônios nas relações humanas, centenas de
perfumes, óleos e essências já foram lançados no mercado, arrebanhando milhares
de pessoas com a promessa de se tornarem atraentes, irresistíveis.
Entretanto, precisamos ter uma posição crítica quanto a esses
produtos, já que ainda não foram definidos a existência nem o papel dos
possíveis feromônios humanos. Além disso, a maioria desses produtos contém
substâncias sem ação sobre a espécie humana, tratando-se de compostos
semelhantes a feromônios de outros mamíferos (porco, por exemplo). Se
lembrarmos que os feromônios são espécie-específicos, essa última consideração
fica ainda mais clara.
Assim, a confirmação da existência e funcionalidade dos
feromônios é necessária para justificar pesquisas que levem ao desenvolvimento
de produtos realmente efetivos, baseados em substâncias próprias da espécie
humana e não de outros mamíferos.
Perspectivas
Muitos cientistas estão, atualmente, realizando pesquisas
sobre os feromônios na espécie humana. Entretanto, essas pesquisas são baseadas
principalmente no seu papel de atraentes sexuais, e não em outras possíveis
funções. É provável que, no futuro, a existência dessas substâncias atuando
sobre o OVN humano seja definitivamente provada, porém, seu papel na atração
sexual parece ser menor do que o esperado devido ao maior desenvolvimento da
percepção visual da beleza, em seres humanos. Assim, a beleza percebida através
dos olhos seria mais atraente do que a percebida pelo nariz.
Caso seja provado que os feromônios realmente apresentam
papel indispensável na atração sexual, seu uso poderá ser difundido não apenas
pela indústria de perfumaria, mas também por outras áreas. O interesse por
feromônios que tenham outras funções seria aumentado, ampliando o seu uso. Como
exemplo, poderíamos citar o uso de feromônios com possível ação repressora da
reprodução como um método contraceptivo eficaz e sem efeitos colaterais. Homens
e mulheres poderiam, assim, desfrutar de momentos românticos com mais
sensualidade do que nunca, sem se preocuparem com as conseqüências.
É só cruzar os dedos!!!
Copyright © Bibliomed, Inc. 05 de junho de 2019.
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