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Grandes avanços no tratamento das queimaduras nos últimos vinte anos tornaram possível salvar as vidas de crianças extensamente queimadas, que não teriam conseguido sobreviver anteriormente. A dúvida se esta sobrevivência ocorre a um custo de diminuição na qualidade de vida posterior permanece.
O Dr. Robert L. Sheridan, e seus colaboradores, do Shriners Burns Hospital for Children, Boston, Estados Unidos, investigaram a qualidade de vida a longo prazo de crianças que sobreviveram a queimaduras maciças. Os resultados foram publicados no Journal of the American Medical Association (JAMA) de 5 de janeiro.
Foram avaliados 80 pacientes que tinham menos do que 18 anos no momento do acidente e que sobreviveram à queimaduras maciças acometendo 70% da superfície corpórea, e que foram internadas no centro de queimados entre 1969 e 1992. Estes pacientes foram reavaliados posteriormente, entre setembro de 1995 e junho de 1997.
Foram realizadas duas entrevistas com os pacientes, e durante a segunda entrevista, um teste para a avaliação de qualidade de vida foi apresentado. O teste usado, o SF-36, já foi usado anteriormente para avaliar a qualidade de vida em um grande número de outras doenças crônicas e lesões, tendo se mostrado bastante confiável. As suas normas são adequadas à população americana. Os resultados do teste foram tabulados e feita uma análise estatística rigorosa dos resultados.
Os escores de qualidade de vida dos pacientes que sobreviveram à queimaduras extensas a uma idade de média de 8,8 anos foram geralmente semelhantes aos escores da população normal. Na observação final, os autores tiveram a forte impressão de que um suporte familiar é extremamente benéfico para as crianças vítimas de queimaduras. "As queimaduras afetam as famílias e não apenas os indivíduos", segundo os autores. A evolução favorável ou não de uma criança vítima de queimadura é significativamente afetadas pelo grau de apoio familiar.
O retorno precoce da criança às atividades antes da queimadura foi um forte fator preditivo de um resultado final favorável. Esforços devem ser realizados no sentido de reintegrar a criança em suas atividades escolares tão logo seja possível após a alta hospitalar.
Em suas conclusões finais, os pesquisadores comentam que, apesar de que algumas crianças sobreviventes a queimaduras graves apresentem algum grau de incapacidade funcional, a maioria delas apresenta uma qualidade de vida satisfatória.
Fonte: JAMA 2000;283:69-73
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