Por E. J. Mundell

NEW YORK (Reuters Health) – Casais que esperam mais tempo para gerarem filhos podem aumentar suas chances de ter uma menina, sugerem os resultados de um estudo. E mais, o fenômeno parece ser "mais forte entre não-brancos do que em brancos", relatam o Dr. Mark Nicolich e colaboradores da Exxon Biomedical Science, Inc. em Annandale, New Jersey, na edição de março da revista Fertility and Sterility.

O resultado pode explicar porque a proporção entre os nascimentos de meninos e meninas nos EUA – proporção esta que os peritos chamam de ‘fração de nascimento’- está diminuindo sutilmente ao longo dos últimos 35 anos. Mesmo ainda existindo mais nascimentos de meninos do que de meninas, o balanço está apontando em favor das meninas. Isto pode ser o resultado de uma tendência em direção à paternidade tardia – apesar de que o estudo não pôde determinar conclusivamente uma relação entre as duas coisas.

"O tamanho do declínio tem sido pequeno," disse Nicolich à Reuters Health "de cerca de 51.4% de nascimentos resultando em um bebê masculino no início dos anos 40, para 51.3% no início dos anos 60, e 51.22% no início dos anos 90",

Nicolich e colaboradores pesquisaram dados federais de nascimentos de 1964-1988 para ajudar a determinar o que poderia ser responsável pelo declínio. Eles encontraram que dois fatores – aumento na idade dos pais e aumento do número de bebês com baixo peso ao nascer em bebês não brancos – favorecia o nascimento de garotas.

"A idade do pai influencia duas vezes mais do que a idade da mãe na determinação da fração de nascimento masculina em brancos," observam os autores. Entre bebês nascidos de casais não brancos, as idades do pai e da mãe parecem apresentar um efeito semelhante sobre o sexo do bebê.

Por outro lado, o baixo peso ao nascer apresentou "uma forte influência" no aumento da probabilidade de nascimento de meninas entre casais não brancos, mas não teve nenhum efeito no sexo dos filhos de casais brancos.

A ligação exata entre a idade dos pais e o sexo do recém nascido permanece obscura. "Outros pesquisadores sugeriram que os pais mais velhos tendem a conceber mais meninas," observa Nicolich, "mas não podemos comentar a respeito baseados em nossos dados".

Associações entre o peso ao nascer e o sexo do bebê podem estar ligados à taxa de sobrevida geralmente mais alta dos fetos femininos. De acordo com Nicolich, "outros pesquisadores demonstraram que as meninas são mais propensas a nascer em situações de stress materno", quando a odds ratio de baixo peso ao nascimento é mais alta.

Nicolich adverte que a tendência de inversão nos nascimentos de meninos e meninas nos EUA é sutil, e pode ser apenas temporária. "A magnitude do declínio é pequena," ele disse, "e poderá se tornar preocupante apenas se ela persistir por muitas décadas na mesma taxa de aumento."

"A história passada da humanidade tem mostrado variações como esta", observa Nicolich, "e mesmo situações mais extremas, (então) isto pode ser devido à variação natural... Em poucos anos, quando mais dados estiverem disponíveis, nós poderemos testar se esta relação continua a dominar".

FONTE: Fertility and Sterility 2000;73:487-492
Publicado em Bibliomed Saúde em 08/03/2000

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