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Estudo comprova ineficácia de ginástica à base de choques

20 de Fevereiro de 2003 (Bibliomed). Os aparelhos de ginástica passiva com estímulo elétrico devem ser encarados como um complemento de um programa de atividade física, nunca como um dispositivo capaz de substituir os exercícios que contribuem para perder peso, melhorar a saúde ou a estética. A orientação é do fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Cemafe/Unifesp), que realizou um estudo sobre os cintos eletroestimuladores.

A pesquisa foi realizada a pedido da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), que pretendia verificar a eficácia do cinto eletroestimulador e eventuais prejuízos ao coração. Foram realizados dois dias de testes hemodinâmicos, metabólicos e bioquímicos em 20 pessoas, de ambos os sexos. No primeiro dia, antes e depois do uso do aparelho, foram coletadas amostras de sangue dos participantes e verificados o consumo de oxigênio, a pressão arterial e a freqüência cardíaca. No dia seguinte, as pessoas repetiram os mesmos testes.

A boa notícia é que os valores da pressão arterial e da freqüência cardíaca não sofreram alterações com as estimulações elétricas, descartando qualquer possibilidade de risco cardíaco a adultos saudáveis. A má notícia é que as propagandas do produto prometem muito mais do que podem cumprir.

A pesquisa mostrou que o aparelho não faz perder peso ou medidas, já que não aumenta o consumo de oxigênio no organismo e, portanto não promove gasto calórico. A fisioterapeuta Gerseli Angeli, responsável pela pesquisa, conta que 15 minutos do aparelho correspondem a 0,3 caloria a menos no corpo, e acrescenta que as flexões também são ineficazes na perda de peso: 200 abdominais correspondem à perda de 3,17 calorias. Quem quer emagrecer precisa fazer dieta alimentar e atividade aeróbica, como corrida, bicicleta ou natação.

A pesquisadora também discorda que os eletroestimuladores sejam capazes de remover ou diminuir a celulite, e acrescenta que, contrariando as promessas das embalagens, que informam que 10 a 15 minutos de uso equivalem a 400 ou 600 abdominais, o aumento dos indicadores enzimáticos e hormonais de contrações musculares (“choquinhos”) corresponde a apenas 200 abdominais.

Em agosto de 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou 12 eletroestimuladores vendidos no Brasil, logo após a denúncia de um consumidor brasileiro que sofreu queimaduras e o registro de casos semelhantes nos Estados Unidos. Com isso, a comercialização e a veiculação de publicidade desses produtos estão suspensas até a normalização do registro no órgão de saúde.

O prazo para apresentação de documentos que comprovem a eficácia e a segurança do equipamento vence no final deste mês. Entretanto, as propagandas persistem, apesar de apenas um dos fabricantes (Polishop/Polimport) ter conseguido liminar favorável na Justiça.

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