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Tumores relacionados ao HPV estão menos agressivos

05 de julho de 2012 (Bibliomed). A pesquisadora Rossana Verónica Mendoza López estudou dados de 1.475 pacientes portadores de tumores do tipo carcinoma epidermoide, baseando-se em dados de dois estudos: um realizado entre 1998 e 2003, coordenado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) no Brasil, Buenos Aires e Havana, que avaliou a relação do câncer com hábitos de vida como alimentação, fumo, consumo de álcool e práticas sexuais, e outro, intitulado Genoma do Câncer de Cabeça e Pescoço (Gencapo), que foi realizado entre 2003 e 2010 com o objetivo de identificar biomarcadores para a doença.

A localização do tumor variava entre cavidade oral, orofaringe (amígdala), hipofaringe (parte da garganta logo após a amígdala) ou laringe (parte final da garganta, perto do esôfago).

A pesquisadora fez dois tipos de testes (sorologia e análise de DNA) para verificar a prevalência da infecção pelo HPV entre os pacientes. No teste de DNA foram conseguidas amostras de tecido tumoral de apenas 542 casos. A pesquisadora investigou a presença de anticorpos para 11 dos quase 200 tipos de HPV existentes, mas consideraram apenas os resultados para o HPV16.

A prevalência do HPV16, o mais relacionado ao desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço, foi de 55% no IARC e de 72% no Gencapo.

Nas análises de DNA do tecido tumoral, a prevalência do HPV 16 cresceu de 1% do IARC para 6,7% no Gencapo. No teste sorológico foi avaliada a presença de anticorpos para as oncoproteínas E6 e E7, que estão relacionadas com a invasão tumoral e com a replicação do vírus. Analisando a sobrevida dos pacientes, a pesquisadora observou que entre aqueles com resultado positivo para HPV16 e para a proteína E6 a mortalidade foi 38% menor. Já para os resultados positivos para HPV16 e para as duas proteínas (E6 e E7) a redução da mortalidade de 66%. Considerados apenas os casos de câncer na orofaringe - os mais associados à infecção por HPV e à prática de sexo oral -, a mortalidade foi 83% menor.

"Estudos internacionais têm mostrado que o HPV tem mais relação com tumores de orofaringe. Os resultados de nosso estudo sugerem, portanto, que os casos de câncer de cabeça e pescoço com presença de infecção por HPV apresentam maior sobrevida, ou seja, são de melhor prognóstico. Mas ainda não sabemos ao certo o motivo", ressaltou Rossana.

Segundo López, embora as evidências apontem que o HPV esteja se tornando uma causa mais comum de câncer de cabeça e pescoço, o consumo de tabaco e de álcool ainda responde pela maioria dos casos.

Fonte: Agência Fapesp, 4 de julho de 2012

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