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Universitários mantêm condutas sexuais convencionais, indica estudo

24 de Abril de 2003 (Bibliomed). A desinformação e o conservadorismo ainda predominam quando o assunto é sexo e sexualidade. Foi o que indicou a dissertação de mestrado “Sexo na universidade: um estudo sobre a sexualidade e o comportamento sexual do adolescente universitário”, apresentada recentemente pela psicóloga Maria Cristina Zampieri, na Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara.

A pesquisadora entrevistou 1.067 universitários com idade entre 18 e 23 anos, de várias regiões do Estado de São Paulo, e observou que eles possuem pouca informação e mantêm condutas vinculadas às regras convencionais, contradizendo uma expectativa baseada nas relações sociais que preconizam a liberdade no plano da sexualidade.

A pesquisa mostrou um descompasso entre o relacionamento social erotizado presente na mídia e a maneira como os jovens efetivamente se comportam em suas relações afetivas. A psicóloga acredita que a falta de diálogo entre pais e filhos estaria na origem de muitos desses conflitos. “Sem abertura para discutir os problemas em casa, os jovens têm o hábito de sanar suas dúvidas com os amigos mais ‘experientes’, perpetuando, desta forma, a desinformação”, afirmou.

O estudo mostrou que os rapazes estão buscando valores mais humanos no relacionamento e que as jovens se revelam mais conservadoras, principalmente em tópicos relacionados à fidelidade. Para a pesquisadora, essa diferença pode ser atribuída à educação diferenciada destinada a meninos e meninas já que ainda prevalecem na formação dos rapazes valores como lutar pelo mercado de trabalho e conquistar a parceira tomando a iniciativa, enquanto à mulher cabem funções como cuidar da casa e educar os filhos. Para 50% dos jovens entrevistados a mulher deve mesmo ser educada de forma diferente do homem. “Décadas após a chamada revolução sexual, isso é realmente surpreendente”, disse a psicóloga.

Por outro lado, homens e mulheres concordaram que a virgindade, sobretudo a feminina, tenha deixado de ser requisito para o casamento.

Quando o assunto é o uso de métodos contraceptivos, os rapazes mantêm uma postura machista, atribuindo às moças a responsabilidade. Para eles, a solicitação da mulher para que utilizem a camisinha revela a falta de confiança dela no parceiro. “Os rapazes vêem a camisinha apenas como uma prevenção contra a Aids. E nunca acreditam que eles possam ser atingidos pela doença”, comentou a pesquisadora, acrescentando que aproximadamente 70% dos adolescentes reconheceram haver falta de informação e erotização precoce no discurso da mídia.

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