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Realidade se aproxima ainda mais da ficção científica

07 de Maio de 2002 (Bibliomed). Cientistas relataram a criação de ratos controlados por controle remoto, que são capazes de obedecer a estímulos e a andar em qualquer direção que o controlador queira, respondendo ao comando em um raio de 450 metros.

Estes ratos podem ser orientados a correr, escalar, pular e virar à esquerda ou à direita através de sondas elétricas do tamanho de um fio de cabelo colocadas em seus cérebros. O sinal de comando é enviado de um computador para os ratos através de um receptor de rádio colocado em suas caudas. Uma sonda elétrica ou eletrodo é colocado no centro de controle do prazer do cérebro dos ratos, enquanto outros dois são colocados nas regiões cerebrais que processam sinais provenientes de seus bigodes, à direita e à esquerda. Os bigodes dos animais normalmente funcionam como sensores, e sinais provenientes deles são utilizados para orientação dos animais.

Os cientistas, da State University of New York, treinaram os ratos para que se movimentassem de acordo com o desejo dos controladores em um labirinto. No início do treinamento os animais recebiam um estímulo eufórico como recompensa por obedecerem aos comandos, mas após a fase inicial eles obedeciam aos comandos sem qualquer necessidade de recompensa.

Os pesquisadores, liderados pelo Dr. Talwar, concordam que este tipo de experimento levanta questionamentos éticos importantes com relação aos direitos dos animais. Porém, eles garantem que os ratos levam vidas completamente normais quando não estão sendo controlados e, mesmo durante as sessões de controle, trabalham com seus próprios instintos, não sendo zumbis. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista americana Nature.

Experimentos como este colocam a ficção científica cada vez mais próxima da realidade. Por exemplo, estes animais, muito em breve, poderão ser utilizados para rastreamento de pessoas soterradas em terremotos e outros desastres, devido à sua agilidade, tamanho pequeno e sentido de olfato aguçado. Por outro lado, também poderão ser armas poderosas para colocação e ativação de bombas à distância, o que representaria um risco importante em caso de guerra ou terrorismo.

Não se pode negar a importância da compreensão da fisiologia cerebral em experimentos como este. A descoberta de uma forma de interferir na “vontade” de um animal, fazendo-o executar tarefas de acordo com um controle externo, é sem dúvida instigante. Sabemos também que o cérebro de um rato é muito menos complexo que um cérebro de um macaco ou mesmo do homem, mas quem sabe este conhecimento preliminar possa ser desenvolvido em direção ao controle de animais maiores, ou mesmo seres humanos, à distância?

Os questionamentos éticos que cercam experimentos como este são muito importantes para que a sociedade discuta os riscos e os benefícios provenientes do desenvolvimento destas tecnologias. Sem dúvida o desenvolvimento destes ratos-robôs será muito útil e poderá poupar muitas vidas em casos de terremotos ou desastres, mas será que isto justificaria o risco de os mesmos animais, ou a mesma tecnologia, ser utilizada para fins bélicos?

O fato é que o experimento foi realizado, e seus resultados foram positivos. A tecnologia está aí, e agora cabe à comunidade científica e à sociedade em geral a discussão acerca das possíveis conseqüências que o mesmo possa trazer para o mundo. Talvez não fosse o caso de se interromper a linha experimental, mas sim de se discutir formas de controle e limitação do uso desta tecnologia, para se tentar prevenir conseqüências desastrosas no futuro. O debate está aberto.

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