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A automedicação em infecções vaginais pode manter a doença

Belo Horizonte, 11 de Março de 2002 (Bibliomed). Se você tem o hábito de se automedicar em casos de infecção vaginal, pode estar fazendo a coisa errada. Um estudo realizado nos Estados Unidos sugere que a maior parte das mulheres que utilizam medicamentos sem receita médica para tratamento de infecções fúngicas vaginais não melhoram, porque a doença não é causada apenas por leveduras.

As infecções vaginais por levedura, um tipo de fungo, são muito comuns entre mulheres com vida sexual ativa. A principal levedura envolvida é a Candida albicans, que também causa o sapinho nos bebês. É um organismo que está naturalmente presente na vagina da mulher, e por algum desequilíbrio da flora local ele começa a se reproduzir demais e causa sintomas como presença de corrimento tipo nata de leite, coceira, ardor, entre outros. Os sintomas da infecção podem ser desencadeados por stress, mudança de parceiro sexual, mudança da marca de preservativos, uso de pílulas anticoncepcionais, redução da imunidade, uso de antibióticos, entre múltiplos outros fatores.

Pesquisadores nos Estados Unidos descobriram que apenas 30% das mulheres que tentam se automedicar para estas infecções obtém sucesso, por terem apenas infecção por Candida. Outras 20% apresentam infecção por Candida mais algum outro agente, e os 50% restantes ou não possuem nenhuma infecção vaginal ou possuem outra infecção sem relação com a Candida.

A pesquisa encontrou que mesmo mulheres que já tiveram Candida antes e foram diagnosticadas por um médico não se saem melhor no autodiagnóstico. Por isto, a idéia de que “eu já tive isto antes” provavelmente não ajuda muito.

As infecções vaginais como um todo geralmente causam sintomas muito parecidos, independente do agente causador. Os principais sintomas são ardência, coceira e corrimento, e aparecem em infecções por Candida, na vaginose bacteriana e na tricomoníase , ou em associações entre estes agentes. Cada um destes agentes necessita de um tratamento específico, e a idéia de que tudo o que causa infecção na vagina é Candida pode retardar o diagnóstico e o tratamento correto.

No estudo, 95 mulheres que haviam comprado medicamentos sem receita médica para tratamento de Candida foram examinadas. Destas 95, 19% na verdade tinha vaginose bacteriana e 2% tinha tricomoníase. Aproximadamente 14% foram diagnosticadas como normais. Ou seja, 35% destas mulheres não iria se beneficiar de forma alguma do medicamento que compraram.

Os pesquisadores afirmam que não há conseqüências maiores no caso de se tratar de forma errada as infecções vaginais. O problema é a demora na resolução do problema, que se fosse diagnosticado corretamente se resolveria mais rápido.

A recomendação é que a mulher procure um médico ao apresentar sintomas vaginais pela primeira vez. Além disto, se a mulher decidir utilizar o medicamento sem receita médica, se os sintomas persistirem, ela deve procurar o médico para esclarecimento da doença. Só mesmo através do exame clínico e em alguns casos de exames laboratoriais o médico estará apto a tratar de forma adequada o problema, diminuindo o tempo de desconforto e prevenindo problemas mais sérios para a saúde da mulher.

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