Pessoas deprimidas não são apenas mais ‘realistas’

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Saúde mental

Algumas pessoas acreditam na ideia de "realismo depressivo": que as pessoas deprimidas são apenas mais realistas do que outras sobre o quanto elas controlam suas vidas. Mas um novo estudo derruba essa teoria.

A ideia de "realismo depressivo" existe há cerca de quatro décadas, desde um estudo de 1979 com estudantes universitários que parecia apoiar a teoria. Esse estudo analisou se os alunos poderiam prever quanto controle eles teriam sobre uma luz que ficasse verde quando apertassem um botão. Os pesquisadores da época descobriram que os alunos que não estavam deprimidos superestimavam seu próprio nível de controle e que os alunos deprimidos eram melhores em identificar quando não tinham controle sobre as luzes.

Em um estudo atual, realizado na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, pesquisadores entraram replicar essas descobertas, mas não conseguiram. Eles trabalharam com dois grupos de participantes: o primeiro incluiu 248 pessoas do Mechanical Turk da Amazon, um serviço online que oferece questionários pagos; e o segundo grupo de 134 voluntários eram estudantes universitários que participaram em troca de créditos universitários.

Semelhante ao estudo de 1979, os participantes fizeram uma tarefa com 40 rodadas, cada uma escolhendo se iria apertar um botão, após o que uma lâmpada ou uma caixa preta aparecia. Os participantes tiveram que descobrir se apertar ou não o botão afetava se a luz acendia. Eles relataram quanto controle eles tinham sobre a luz após cada uma das rodadas. Os pesquisadores adicionaram um mecanismo para medir o viés às medições do estudo original. Eles também variaram experimentalmente a quantidade de controle que os participantes realmente tinham sobre a luz.

As pessoas do grupo online com maior nível de depressão superestimaram seu controle, o que contradiz diretamente o estudo original. Essa descoberta pode ser impulsionada pela ansiedade e não pela depressão, disseram os pesquisadores. No grupo de alunos, os níveis de depressão tiveram pouco impacto em como os alunos viam seu controle. A depressão também não teve impacto no excesso de confiança ao pedir aos participantes do estudo que estimassem suas pontuações em um teste de inteligência.

Fonte: Collabra: Psychology. DOI: 10.1525/collabra.38529.

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