Pacientes negros com tumores cerebrais podem ser menos propensos a ter uma cirurgia recomendada a eles do que pacientes brancos, de acordo com um grande estudo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.
A pesquisa, que analisou dois bancos de dados nacionais, descobriu que, em média, os pacientes negros eram menos propensos a ter uma cirurgia recomendada para qualquer um dos quatro tipos de tumor cerebral. Isso incluiu três considerados benignos (não cancerosos) e um que é um tipo mortal de câncer cerebral.
Especialistas disseram que as razões para a disparidade não são claras. Mas a natureza dos tumores dos pacientes – tamanho, estágio ou localização no cérebro – não explica a lacuna. Nem diferenças na cobertura de seguro saúde ou qualquer outro fator que os pesquisadores foram capazes de avaliar.
Os pesquisadores usaram dois grandes bancos de dados nacionais, um mantido pelo National Cancer Institute e outro pelo American College of Surgeons. Juntos, eles detinham décadas de informações sobre adultos americanos diagnosticados com vários tipos de tumores cerebrais. No geral, o estudo constatou que os pacientes negros tinham 14% a 19% mais chances de ter uma recomendação contra a cirurgia para glioblastoma, uma forma agressiva de câncer cerebral.
Depois que os pesquisadores consideraram fatores "clínicos" – como o tamanho e a localização do tumor -, bem como a saúde geral dos pacientes, seguro e se eles viviam em uma área rural ou urbana (um indicador para saber se as pessoas provavelmente morar perto de um grande centro médico que faz muitas cirurgias).
Da mesma forma, os pacientes negros tinham de 13% a 48% mais chances de ter recomendações contra a cirurgia para três tipos de tumor benigno: meningioma (a forma mais comum de tumor cerebral), adenoma hipofisário e schwannoma vestibular. Quando os pesquisadores se concentraram nos dados mais recentes (de 2010 a 2017), não havia mais uma divisão racial nas recomendações de cirurgia para tratar o glioblastoma.
Os pesquisadores explicam que pouco antes desse período, o tratamento para o câncer tornou-se mais padronizado – com cirurgia, radiação e o medicamento temozolomida tornando-se o regime de escolha.
Fonte: The Lancet. DOI: 10.1016/S0140-6736(22)00839-X.