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Neste Artigo:
- Introdução
-
O Exame de AIDS nas Crianças Pertencentes aos Programas de Adoção com um Ano ou Menos
- O
Exame de AIDS nas Crianças dos Programas de Adoção Maiores de um Ano
- O
Exame de AIDS em Adolescentes Pertencentes aos Programas de Adoção
-
Os Cuidados com Recém-Nascidos de Mães Infectadas e com Crianças e Adolescentes com HIV
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"Atualmente está havendo um aumento considerável dos casos de crianças e
adolescentes com AIDS, sendo que, muitos deles fazem parte dos sistemas de adoção. A
maioria dessas crianças entra nesses programas em decorrência do abuso de drogas pelos
pais, ou são vítimas de abuso sexual, violência, ou abandono. Alguns desses fatores
aumentam as chances de infecção pelo HIV. Dentro desse contexto, a Academia Americana de
Pediatria estabeleceu algumas recomendações para o diagnóstico e cuidado desses
pacientes".
Introdução
Aproximadamente 500.000 crianças e adolescentes fazem parte das instituições de
adoção norte-americanas, sendo que 78% possuem pais com história de abuso de drogas. O
número de mulheres grávidas infectadas pelo HIV está aumentando consideravelmente,
ocorrendo cerca de 7.000 nascimentos anualmente. Estudos mostram que os recém-nascidos
que ficam em instituições de adoção apresentam oito vezes mais chances de nascerem
infectados do que aqueles que ficam aos cuidados dos pais.
Por outro lado, os jovens e adolescentes dessas instituições, muitas vezes, são
vítimas de abuso sexual, o que representa um fator de risco importante para infecção
pelo HIV. O índice de abuso de drogas e de promiscuidade é elevado entre esse grupo, o
que também aumenta as chances da doença.
A Academia Americana de Pediatria (AAP) acredita que as crianças e adolescentes dos
programas de adoção devem ter acesso aos avanços do tratamento da AIDS, mas para isso
esses pacientes precisam ser corretamente identificados. Com esse objetivo, a AAP criou
algumas recomendações a serem seguidas.
O
Exame de AIDS nas Crianças Pertencentes aos Programas de Adoção com um Ano ou Menos
A Academia Americana de Pediatria (AAP), o Colégio Americano de Ginecologia e
Obstetrícia e o serviço de saúde Pública dos Estados Unidos recomendam que todas as
mulheres grávidas façam o teste anti-HIV durante a gestação.
O cuidado das crianças nascidas de mães infectadas é complexo e inclui o uso do AZT
profilático por seis semanas após o nascimento, o início da profilaxia para
pneumocistose (infecção pulmonar comum em pacientes com AIDS) a partir de seis semanas
de idade e a realização de exames periódicos para o diagnóstico da infecção. A
identificação imediata das crianças infectadas permite o início precoce da terapia
antiretroviral agressiva, que possui o potencial de prevenir o rápido progresso da
doença.
Segundo a AAP para que as crianças recebam o tratamento apropriado, é necessário que os
agentes dos sistemas de adoção obtenham informações sobre a possibilidade de
exposição ao HIV intra-útero. Se esta exposição não for conhecida, todas as
crianças com um ano ou menos devem ser submetidas ao exame para o diagnóstico da
infecção. A própria agência de adoção pode permitir a realização do exame, quando
os pais biológicos são contra.
A criança é considerada infectada quando aos 28 dias de idade, apresenta o exame de PCR
(que pesquisa a presença do DNA do vírus nas células) positivo. Caso o exame seja
positivo, a comunicação aos pais biológicos ou adotivos deve ser feita com suporte de
psicólogos e assistentes sociais. Após o diagnóstico as crianças devem ser submetidas
ao tratamento de rotina.
O
Exame de AIDS nas Crianças dos Programas de Adoção Maiores de um Ano
As crianças infectadas pelo HIV intra-útero podem permanecer muitos anos sem
apresentarem sintomas da doença, ou podem apresentar apenas sintomas inespecíficos como
anemia, baixo peso ou atraso do desenvolvimento. Um estudo realizado com 181 crianças
infectadas pelo vírus mostrou que 17% dessas teve seu diagnóstico confirmado após
quatro anos de idade ou mais. Em outro estudo foram constatados 36 casos, em 42, de
crianças assintomáticas até os quatro anos de idade. Nesse estudo, duas crianças
apresentaram sintomas aos 13 anos de idade.
A AAP propõe que o teste anti-HIV deve ser realizado em todas as crianças com sintomas
ou achados físicos compatíveis com a doença e também naqueles que apresentam irmãos
ou pais infectados. A AAP lembra que como muitos dos fatores que levam as crianças a irem
para instituições de adoção representam fatores de risco para a AIDS, a realização
dos exames em todas as crianças maiores de um ano pode ser prudente.
O diagnóstico é feito em crianças maiores de 18 meses que apresentam um teste Western
blot positivo (um tipo de exame sorológico mais específico para o HIV), ou quando
apresentam dois exames PCR seguidamente positivos ou duas culturas do vírus positivas. Os
resultados dos exames podem e devem ser relatados aos pais adotivos ou biológicos, aos
agentes de adoção e às crianças (se essas tiverem idade para compreender e com forte
apoio psicossocial).
Muitas crianças dentro das instituições de adoção são vítimas de abuso sexual. Nos
Estados Unidos há mais de 125.000 crianças que sofreram abuso sexual, sendo que 13
dessas apresentaram infecção pelo HIV. A Academia Americana de Pediatria recomenda que o
teste anti-HIV deve ser feito no primeiro atendimento à criança abusada, com exames
consecutivos após seis semanas, três meses e 6 meses. Os exames devem ser repetidos caso
a criança apresente sintomas sugestivos de infecção.
O
Exame de AIDS em Adolescentes Pertencentes aos Programas de Adoção
A maioria dos jovens infectados desconhece a sua situação. Os jovens dos programas
de adoção, bem como todos os outros, podem adquirir o vírus como conseqüência do
comportamento de risco, como a promiscuidade sexual e abuso de drogas; ou por serem
vítimas de abuso sexual, ou, raramente, como conseqüência da exposição intra-útero
ao vírus HIV.
A AAP recomenda que o teste anti-HIV deve ser realizado em todos os jovens que apresentam
sinais físicos e sintomas sugestivos da doença, bem como naqueles que apresentam fatores
risco, que têm irmãos ou pais com AIDS, que tenham relação com parceiros sabidamente
infectados ou que tenham sofrido abuso sexual. A AAP sugere que o exame deve ser feito
também nos adolescentes com vida sexualmente ativa. Todos os adolescentes devem receber
informações dos profissionais de saúde a respeito da prevenção e transmissão da
AIDS.
Em alguns estados norte-americanos os jovens podem consentir a realização dos exames. A
comunicação de um resultado positivo deve ser feita sobre supervisão de psicólogos e
assistentes sociais. Os adolescentes são quem decide se o resultado pode ou não ser
divulgado a parentes ou agentes de adoção.
Os
Cuidados com Recém-Nascidos de Mães Infectadas e com Crianças e Adolescentes com HIV
A manutenção de um serviço médico em casa pode ser importante no cuidado de todas
as crianças dos serviços de adoção, o que é particularmente importante para aqueles
pacientes com doenças crônicas como a AIDS. Os agentes de adoção devem estar aptos a
informarem toda a história médica das crianças, caso essas necessitem de mudança da
equipe médica. Estes agentes devem tentar minimizar as barreiras que dificultam o
diálogo e a transmissão de informações entre os diferentes profissionais de saúde que
cuidam das crianças, dentre eles os psicólogos, os fisioterapeutas, os enfermeiros e os
assistentes sociais. A Academia Americana de Pediatria sugere a criação de um
"passaporte de saúde", no qual devem ser armazenadas todas as informações
médicas de cada paciente, o que facilitaria a comunicação entre os diferentes
profissionais de saúde.
O uso da profilaxia com AZT em gestantes infectadas diminui o risco de transmissão do
vírus HIV para a criança. Atualmente, considera-se o uso dessa droga inofensivo para
mães e filhos, mas as conseqüências tardias para as crianças ainda não são bem
conhecidas, por isso é essencial que essa informação faça parte do passaporte de
saúde. E todas as crianças que tenham recebido o AZT, infectadas ou não, devem receber
acompanhamento médico por longo tempo.
A AAP recomenda que as crianças façam parte de estudos clínicos, visto que esses podem
trazer benefícios. É importante que esses estudos sejam de acompanhamento da evolução
a longo prazo da doença, e que não sejam testes de novas drogas.
Por fim, é muito importante que as agências de adoção promovam a educação continuada
dos pais adotivos e dos agentes de adoção, para que esses estejam aptos para lidar com
as dificuldades no cuidado das crianças infectadas. Atenção especial deve ser dada para
os pacientes que não devem saber do diagnóstico, evitando, dessa maneira, transtornos
desnecessários.
Fonte: Pediatrics, volume 106, number 1, July 2000.
Copyright © 2000 eHealth Latin
America
16 de Novembro de 2000
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