Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste Artigo:
- O que são os
antibióticos?
- Álcool e Medicamentos
- Como
ocorre a interação entre bebidas alcoólicas e remédios?
- Álcool e Antibióticos
- Referências Bibliográficas
Os antibióticos são uma das maiores conquistas da medicina moderna – praticamente o mesmo nível da descoberta da vacina. Desde o seu surgimento, muitos mitos rondam o emprego destas drogas e suas consequências. Um desses mitos diz exatamente respeito à associação entre antibióticos e álcool. Será que esta mistura realmente pode causar mal?
Apesar de não ser uma medida inteligente misturar remédios com álcool, apenas umas poucas drogas são afetadas por esta associação. A verdade é que os antibióticos possuem maneiras diferentes de serem eliminados do organismo. Alguns são processados no fígado, outros são eliminados nas fezes ou na urina. De um modo geral, o modo de eliminação determina por quanto tempo o medicamento permanecerá ativo no organismo, e de quanto em quanto tempo você deverá tomar uma nova dose. O álcool pode aumentar ou diminuir a velocidade de eliminação do medicamento, alterando seu efeito.
Os antibióticos são drogas que atuam matando ou reduzindo o ritmo crescimento das bactérias. Os antibióticos pertencem à classe dos Antimicrobianos, um grupo maior de medicamentos que inclui anti-virais, anti-fúngicos e anti-parasitários.
Classes de Antibióticos |
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• Aminoglicosídeos: Amicacina, gentamicina, neomicina, netilmicina, streptomicina, tobramicina. • Carbacefen: Loracarbef. • Carbapenem: Ertapenem, imipenem / cilastatina, meropenem. • Cefalosporinas: Cefadroxil, cefazolina, cefalexina, cefamandol, cefoxitina, ceftriaxona, cefepime. • Glicopeptídeos: Teicoplamina, vancomicina. • Macrolídeos: Azitromicina, claritromicina, diritromicina, eritromicina, troleandomicina. |
• Monobactâmicos: Aztreonam • Penicilinas: Amoxicilina, ampicilina, azlocilina, carbenicilina, cloxacilina, dicloxacilina, flucloxacilina, mezlocilina, nafcilina, penicilina, piperacilina, ticarcilina. • Polipetídeos: Bacitracina, colistina, polimixina B. • Quinolonas: Ciprofloxacin, enoxacin, gatifloxacin, ofloxacin, trovafloxacin. • Sulfonamidas: Mafenide, prontosil, sulfacetamida, sulfametizol, sulfanilimida, sulfassalazina, sulfisoxazol, trimetoprim. • Tetraciclinas: Demeclociclina, doxiciclina, tetraciclina. |
Muitas medicações, e não apenas antibióticos, podem interagir com o álcool, levando a um aumento do risco de doenças, lesões orgânicas potencialmente graves e até mesmo morte. Alguns estudos sugerem que a interação entre medicamentos e bebidas alcoólicas sejam responsáveis por até 25% dos atendimentos em certos serviços de urgência e emergência.
Apenas nos EUA, existem mais de 4.800 medicamentos liberados para uso, e os médicos preenchem mais de 14 bilhões de receitas a cada ano. Os especialistas calculam que aproximadamente 70% da população adulta consomem bebidas alcoólicas pelo menos ocasionalmente, sendo que 10% fazem uso diário. Estes números combinados sugerem que a associação entre bebidas alcoólicas e medicamentos será quase inevitável em algum momento.
Os riscos associados à mistura entre medicações e bebidas alcoólicas são ainda maiores na população idosa. As pessoas com mais de 65 anos de idade respondem por 25-30% do consumo geral de remédios e são mais propensas a sofrerem efeitos colaterais quando comparadas a pacientes mais jovens.
Como ocorre a interação entre bebidas alcoólicas e remédios?
Ao ser ingerido, o medicamento deve viajar pela corrente sanguínea até o seu local de ação. Após este trajeto e com o passar do tempo, seu efeito diminui a medida em que ele é metabolizada por enzimas e eliminado do organismo.
De modo parecido aos antibióticos, o álcool também é transportado pela corrente sanguínea, agindo sobre o cérebro e causando intoxicação, até ser finalmente metabolizado e eliminado do corpo – uma tarefa que cabe especialmente ao fígado.
O álcool pode influenciar a eficácia de um remédio ao alterar sua disponibilidade. As interações mais típicas incluem:
• Primeiro, uma dose aguda de álcool pode inibir o processamento do remédio, competindo pelas mesmas enzimas metabolizantes. Esta interação prolonga e intensifica e disponibilidade da droga, aumentando o risco de efeitos colaterais.
• Segundo, a ingestão crônica ou prolongada de álcool pode aumentar a ativadade das enzimas metabolizantes, diminuindo a disponibilidade e os efeitos de um determinado medicamentos. Uma vez ativadas, estas enzimas podem permanecer em ação mesmo durante a abstinência de álcool, afetando o metabolismo de certos remédios por várias semanas.
• Ao parar de beber, uma pessoa que possui o hábito de consumir bebidas alcoólicas de modo intenso e crônico pode necessitar de doses maiores de medicamentos para obter os mesmos efeitos terapêuticos observados em pessoas que não bebem.
• As enzimas ativadas pelo consumo crônico de álcool transformam alguns medicamentos em substâncias químicas tóxicas que podem danificar o fígado e outros órgãos.
• O álcool pode intensificar o efeito de sedativos e narcóticos sobre o cérebro, alterando o potencial de intoxicação desses remédios.
Todo mundo já ouviu falar sobre o mito comum de que bebidas alcoólicas jamais devem ser misturadas com antibióticos. É verdade que o álcool pode interagir com alguns poucos medicamentos, causando náuseas, vômitos, convulsões, cólicas abdominais, dores de cabeça, erupções na pele e aceleração do ritmo cardíaco, mas a maioria destas interações é bem conhecida dos médicos.
O que vale realmente é o fato de que o álcool pode exercer uma carga extra de trabalho sobre o fígado e o sistema imunológico, além de prejudicar sua capacidade de julgamento, liberando tendências agressivas e reduzindo os níveis de energia do organismo.
Apenas algumas classes de antibióticos devem ser evitadas quando se está ingerindo bebidas alcoólicas. É importante abster-se completamente de álcool se você estiver utilizando os seguintes antibióticos:
• Metronidazol: os efeitos colaterais incluem erupções
cutâneas, falta de ar, dor de cabeça, batimentos cardíacos acelerados ou
irregulares, queda da pressão arterial, náuseas e vômitos.
• Tinidazol: é quimicamente semelhante ao metronidazol e pode causar as mesmas
reações.
• Furazolidona.
• Griseofulvina.
• Antimaláricos (Quinacrina).
• Sulfametoxazol.
Interações entre álcool e outros medicamentos |
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Anestésicos |
O consumo crônico de álcool aumenta a dose de anestésicos gerais necessária para induzir perda da consciência, e pode aumentar o risco de lesões graves no fígado associadas ao uso do gás anestésico Enflurano. |
Anticoagulantes |
O consumo agudo de álcool aumenta a disponibilidade do warfarin, um anticoagulante, colocando o paciente em risco de hemorragias potencialmente fatais. O consumo crônico de álcool pode reduzir a biodisponibilidade do anticoagulante, reduzindo o efeito protetor para o paciente. |
Antidepressivos |
O consumo agudo de álcool aumenta a biodisponibilidade de alguns antidepressivos tricíclicos, intensificando seu efeito sedativo. |
Medicações contra diabetes |
O consumo agudo de álcool prolonga e o consumo crônico diminui a biodisponibilidade da tolbutamida, um hipoglicemiante oral. O álcool também é capaz de interagir com outros medicamentos desta classe, resultando em náuseas e dores de cabeça. |
Antihistamínicos |
O álcool pode aumentar a sedação causada por alguns antihistamínicos. Estes medicamentos podem causar vertigens e sonolência excessiva em pessoas idosas e a associação com álcool pode ser especialmente perigosa nesta faixa etária. |
Medicamentos cardiovasculares |
A associação entre álcool e certos medicamentos cardiovasculares (p.ex.: nitroglicernia, reserpina, metildopa, hidralazina e guanetidina) pode causar vertigens ou hipotensão postural. O uso crônico de álcool diminui a biodisponibilidade e os efeitos terapêuticos do propranolol. |
A conclusão é que pessoas que consomem bebidas alcoólicas devem estar atentas ao fato de que associação entre álcool e medicações pode causar sérios problemas. Quanto aos antibióticos, muitos deles possuem vários efeitos colaterais possíveis que tendem apenas a piorar com o consumo de álcool.
1. Richards D, Aronson J. Oxford Handbook of Practical Drug Therapy. Oxford University Press, 2005 Edition.
2. Dale DC (Editor). Infectious Diseases: The Clinician's Guide to Diagnosis, Treatment, and Prevention. WebMD Professional Publishing, 2003 Edition. x
3. Katzung BG, Katzung B. Basic & Clinical Pharmacology – 9th edition. McGraw-Hill Medical; 2003.
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