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Neste Artigo:
- O Que é Trombose Venosa (TV)
- O Que Causa a TV?
- Trombose Venosa e Viagem de Avião
- Como Foi Feito o Estudo ?
- Resultados
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Tema
"A trombose venosa (TV) é uma doença causada pela coagulação do
sangue nas veias, principalmente as veias das pernas e coxas. Uma vez formados os trombos
(o sangue coagulado) nesses locais, eles podem migrar e ir até os pulmões levando ao
tão temido tromboembolismo pulmonar (TEP). O TEP é uma condição que quando grave, pode
levar ao óbito num curto espaço de tempo. Existem várias situações que podem levar à
TV. Recentemente, as viagens aéreas de longa duração pela classe econômica têm sido
alvo de associação com a TV, sendo que muitos trabalhos e profissionais da área
afirmaram haver uma maior risco nessas situações. A realização de estudos mais
pormenorizados tem encontrado outras respostas".
O Que é Trombose Venosa (TV)
A trombose venosa é a coagulação do sangue dentro das veias. É um problema localizado
que por si só não leva a maiores danos, a curto prazo. Entretanto, os trombos (sangue
coagulado) formados dentro das veias podem migrar para as veias mais calibrosas, passar
pelo lado direito do coração até chegar aos pulmões onde vão obstruir a circulação
pulmonar. Essa obstrução é denominada de tromboembolismo pulmonar (TEP), e é
justamente nessa complicação que reside a maior preocupação sobre a TV. Para se ter
uma idéia, o TEP é a maior causa de óbitos preveníveis dentro dos hospitais cujo
porquê será explicado abaixo.
A TV, na grande maioria das vezes, começa nas veias da panturrilha. Enquanto localizada
nesse local, não oferece tantos riscos para TEP, mas pode haver propagação da
coagulação para veias mais calibrosas da coxa e quadril o que aumenta o risco
consideravelmente.
O Que Causa a TV?
A causa da TV está relacionada com três fatores: lesão venosa, estase venosa e
distúrbios da coagulação sangüínea. A lesão venosa inicia um processo de
coagulação local que pode se propagar formando trombos. Estase venosa é a diminuição
ou parada de circulação sangüínea num determinado local, que então ativa a cascata da
coagulação do sangue e novamente, formam-se trombos. Os distúrbios da coagulação -
nesse caso, um aumento da coagulação sangüínea - eram considerados como desordens
muito raras mas que agora parecem ser um pouco mais comuns do que se pensava.
Agora que já sabemos os mecanismos que causam a TV, é importante que saibamos em que
situações da prática médica e do dia-a-dia, tais mecanismos são acionados (Quadro 1).
Os distúrbios de coagulação são alterações genéticas geralmente herdadas. A lesão
venosa pode ser causada por traumas cirúrgicos (cirurgias ortopédicas por exemplo) ou
externos. A estase venosa pode ser causada por uma ampla gama de situações:
imobilização do membro (fratura, pessoas acamadas, doenças neurológicas, pessoas muito
obesas, problemas ortopédicos, idade avançada), doenças como insuficiência cardíaca
(leva a uma diminuição da circulação), câncer (aumenta a coagulobilidade do sangue),
uso de anticoncepcionais hormonais, estrogênios e obesidade. Uma pessoa com história de
TV ou TEP anterior também tem um maior risco de desenvolver novamente a doença.
QUADRO I - Fatores Predisponentes para Tromboembolismo Venoso
Traumas cirúrgicos ou externos
TEP ou TV prévios
Imobilização do membro
Doença maligna
Insuficiência cardíaca
Paralisia do membro ou outras doenças neurológicas que levem à imobilização
Pessoas acamadas
Obesidade
Problemas ortopédicos que levam à imobilização
Estrogênios e anticoncepcionais orais
Distúrbios que levam a hipercoagulabilidade sangüínea
Após a exposição desses fatores, pode-se perceber o porquê da TV e TEP serem
doenças que ocorrem principalmente dentro dos hospitais, complicando e levando ao óbito,
aqueles pacientes mais graves que estão acamados e que são portadores de uma ou mais
condições levantadas acima. Graças às pesquisas médicas, consegue-se hoje prevenir a
TV e TEP na grande maioria dos casos, assim, todos pacientes em risco que chegam ao
hospital são submetidos às medidas preventivas.
Vale lembrar que a TV e TEP também podem ocorrer fora do hospital em pacientes
aparentemente saudáveis.
Trombose Venosa e Viajem de Avião
Em 1998, houve um termo criado para a associação entre trombose venosa e
viagens de avião na classe econômica: a chamada síndrome da classe econômica. Alguns
trabalhos sobre o tema mostram evidências e explicações hipotéticas para a
associação entre viagens de longa distância e trombose venosa. Entretanto, uma
estimativa estatisticamente concisa não foi ainda concluída, sendo que os resultados
até agora encontrados que sugerem haver tal associação, são provenientes de estudos
não controlados. Um estudo sobre o assunto, realizado pelo Dr. Roderik A Kraaijenhagen e
colaboradores, do Departamento de Medicina Vascular do Centro de Medicina Acadêmica da
Universidade de Amsterdan - Holanda, pesquisou tal associação através de dados
controlados estatisticamente. Os resultados foram publicados na revista médica The Lancet
deste ano. Um resumo desse estudo é exposto no texto abaixo.
Como Foi Feito o Estudo ?
Entre abril de 1997 e janeiro de 1999, foram entrevistados um total de 788
pacientes com sintomas de TV, após terem viajado por pelo menos três horas consecutivas,
nas últimas quatro semanas. Na primeira consulta, foram colhidos os dados relevantes da
história do paciente como início dos sintomas, história de doença maligna, cirurgia
recente, imobilização, trauma e história familiar de TV ou TEP e também perguntado que
tipo de viagem foi realizada pelo paciente (carro, avião, ônibus, trem ou navio). Após
a coleta de tais informações, foram feitos os exames necessários, sendo que os
examinadores não sabiam da história dos pacientes.
Resultados
Dentre os 788 pacientes, em 186 foi confirmada a TV e em 602 não tiveram a
suspeita confirmada. Comparando-se os dois grupos com respeito aos outros fatores de risco
da TV, o primeiro grupo (TV+) teve uma incidência de 22% de doenças malignas, 15% de
história prévia de TV, 26% de cirurgias prévias e 11% de traumas recentes. O segundo
grupo (TV-) teve por sua vez, 10% de casos de doenças malignas, 10% de história prévia
de TV, 13% de cirurgias prévias e 16% de traumas recentes.
De acordo com os resultados encontrados, não houve associação entre TV e viagem de
longa duração com nenhum tipo de transporte. Mesmo quando foram excluídas aquelas
pessoas com: história de doença maligna, TV ou TEP prévios, cirurgia prévia ou
imobilização, continuou não havendo tal associação. Da mesma forma, quando foram
analisados somente os pacientes mais novos que 65 anos de idade e com tempo de duração
da viagem maior que 5 horas, nenhuma associação pôde ser feita.
Assim sendo, tais resultados não dão suporte às afirmativas amplamente difundidas e
aceitas de que viagens longas são um fator de risco para trombose venosa.
Fonte: The Lancet 2000; Volume 356, Number 9240 28 October 2000
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11
de Dezembro de 2000.
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