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Estudo de Chimpanzés Infectados Pode Ajudar no Combate à Aids

Por Amy Norton

NOVA YORK (Reuters Health) - Um dos mistérios da infecção com HIV estava centrado no fato de que chimpanzés com o vírus não desenvolvem Aids como humanos. Agora, pesquisadores afirmam que três chimpanzés infectados que estão desenvolvendo Aids podem ajudar na luta contra a doença humana.

Os três chimpanzés, expostos ao HIV na década de 80, estão sendo estudados por um grupo de cientistas da Universidade Emory, em Atlanta. Eles são os únicos chimpanzés em estudo a demonstrar sinais de progressão da Aids.

Cientistas acreditam que o HIV foi introduzido entre a população humana através do contato com chimpanzés, que abrigam um vírus semelhante ao HIV, conhecido como vírus da imunodeficiência símia (SIV).

Shawn P. O'Neil e sua equipe relatam as descobertas dos três casos na edição de outubro do Journal of Infectious Diseases.

O'Neil disse à Reuters Health que a compreensão da causa por que chimpanzés infectados com HIV não ficam doentes pode ajudar pesquisadores a desenvolver uma vacina contra HIV e, possivelmente, prevenir que pessoas HIV positivo desenvolvam Aids.

O maior obstáculo era que pesquisadores não tinham chimpanzés doentes para compará-los com outros saudáveis.

"Isso nos dá a direção para testar a hipótese que temos da razão porque chimpanzés não ficam doentes", disse O'Neil.

Ele explicou que uma hipótese é que chimpanzés produzem reações imunológicas mais fortes ao HIV do que humanos. Outra hipótese, defendida por O'Neil, seria que o que ocorre é o contrário. O pesquisador sugeriu que o sistema imunológico dos chimpanzés pode simplesmente "ignorar" a infecção com HIV.

De acordo com O'Neil, isso faz sentido, pois o HIV se programou para obter vantagem de reações imunológicas complexas. Ele quer "viver na central de resposta imunológica", uma vez que é assim que ele se liga a seu alvo: as células T que ajudam o sistema imunológico.

Pesquisadores acreditam que, através da evolução, os chimpanzés desenvolveram uma resposta imunológica que é incompatível com a infecção com HIV.

O'Neil destacou que os chimpanzés existentes hoje em dia podem ser a prole daqueles que não lançaram resposta imunológica quando o SIV atingiu a população.

O pesquisador acrescentou que é possível que em 100.000 anos os humanos façam a mesma adaptação ao HIV -- embora isso "não seja cômodo para ninguém".

Os três chimpanzés estão demonstrando uma progressão da Aids similar à humana -- com altos níveis do vírus e quedas abruptas de células imunológicas importantes. Os três vivem com um quarto chimpanzé que, em 1996, foi o primeiro caso relatado de Aids de chimpanzé.

O chimpanzé original pode ter desenvolvido uma cepa de HIV que superou a imunidade natural do animal à Aids, disse O'Neil.

Ele destacou que também é provável que, nesses três chimpanzés, algo tenha acontecido de errado com seus sistemas imunológicos. Para O'Neil, a descoberta disso terá "fortes implicações" para vacinas anti-HIV e tratamento da doença.

Sinopse preparada por Reuters Health

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