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19 de dezembro de 2008 (Bibliomed). Dois estudos publicados na edição de janeiro de 2009 do The Journal of Infectious Diseases indicam que a circuncisão (retirada cirúrgica da pele que recobre a glande do pênis) pode ajudar a prevenir a infecção por papilomavirus humano (HPV) – doença sexualmente transmissível – principalmente pelos subtipos de alto risco associados ao câncer uterino e de pênis.
De acordo com os especialistas, estima-se que os subtipos de HPV de alto risco estejam presentes em 99,7% dos cânceres de colo de útero mundialmente. E há evidências de que mulheres que têm parceiros circuncidados têm menor risco de cânceres genitais.
Em um dos estudos, uma equipe de pesquisadores da França e da África do Sul avaliou dados de homens não-circuncidados com idades entre 18 e 24 anos que foram divididos em dois grupos – alguns que passariam pelo procedimento, enquanto outros permaneceriam sem serem circuncidados. Avaliando amostras de raspado uretral e informações sobre o comportamento sexual de cada participante, os pesquisadores descobriram que a porcentagem de genótipos de HPV de alto risco eram menor no grupo circuncidado. E isso, consequentemente, reduzia a exposição das mulheres à infecção.
No segundo estudo, realizado nos Estados Unidos, os pesquisadores testaram amostras de pele da área ano-genital e de sêmen de mais de 400 homens com idades entre 18 e 40 anos – 16% eram circuncidados. E observaram que esses 16% tinham metade da probabilidade de ter HPV, comparados com os não-circuncidados. Porque a falta da circuncisão foi associada a uma maior ocorrência de infecção pelo HPV, os autores destacaram que o procedimento nos homens poderia proteger as mulheres contra o câncer de colo uterino.
Baseados nos resultados, alguns especialistas defendem que seria útil considerar o procedimento cirúrgico em meninos recém-nascidos com o objetivo de reduzir a infecção pelo HPV por eles e seus futuros parceiros. “Os pais, atualmente, não são avisados sobre esse risco”, alertam os autores.
Em editorial da revista científica, o especialista Ronald H. Gray, da Johns Hopkins University, nos Estados Unidos, afirma que esses estudos trazem evidências importantes relacionando a circuncisão à prevenção da infecção pelo HPV. Porém, ele defende que é necessária a confirmação através de outros estudos antes da adoção de políticas públicas para promover o procedimento como prevenção da doença.
Fonte: EurekAlert. Public release. 17 de dezembro de 2008.
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