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Profissionais da saúde menosprezam riscos de acidentes de trabalho

02 de Janeiro de 2003 (Bibliomed). Para evitar contaminações por doenças infecciosas, como a Aids e as hepatites B e C, os profissionais de saúde devem usar equipamentos de proteção, descartar corretamente as seringas usadas e manter o cartão de vacinação em dia. Mas essas práticas não são comuns no dia a dia de grande parte desses profissionais. Foi o que observou a enfermeira Ana Paula Coutinho, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que analisou 2.344 acidentes notificados em um hospital universitário de São Paulo entre 1992 e 2001. No trabalho, a pesquisadora verificou que enfermeiros e auxiliares de enfermagem foram responsáveis por 41% dos acidentes, enquanto médicos e residentes totalizaram 36%.

Materiais perfurocortantes, como agulhas e lâminas, causaram 76% dos acidentes, incluindo manuseio, procedimento, transporte e descarte do material. Após o procedimento com o paciente, 46% dos acidentes aconteceram ao deixar ou jogar o material em lugar inadequado; 23% no manuseio antes de ir para o lixo; 21% na reencapagem de agulhas e 10% durante o transporte.

Quase 25% das ocorrências aconteceram nas enfermarias clínicas e 19%, nas UTIs. A pesquisadora acredita que esses números estejam subestimados, principalmente nas UTIs, onde a quantidade de procedimentos invasivos aumenta as chances de acidentes. O centro cirúrgico também é fonte de acidentes. “Muitos perfuram os dedos com agulhas de sutura e não dão importância. Apenas lavam as mãos, trocam as luvas e continuam trabalhando”, disse a pesquisadora, alertando para o risco de infecções.

A pesquisa mostrou, ainda, que 39% dos profissionais acidentados não usavam equipamentos de proteção, como luvas e máscaras, e que 66% não estavam totalmente protegidos contra a hepatite B. A equipe de limpeza foi responsável por 9% das ocorrências, por causa do descarte inadequado após o procedimento. A pesquisa apontou que, entre os pacientes envolvidos, 11% deles eram HIV positivos, 5% tinham hepatite C e 3%, hepatite B.

Apesar da chance de adquirir HIV em um acidente com material biológico serem de 0,3%, esse risco não deve ser menosprezado. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), desde a descoberta da doença foram documentados no mundo 97 casos de aquisição de HIV entre profissionais da saúde após acidente ocupacional, além de 138 suspeitas.

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