Artigos de saúde
Neste Artigo:
- Metas e
Justificativas para Implantação do IUV
- Funcionamento do IUV
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"O que existe entre o céu e a terra que pode afetar tanto a nossa vida? Que
relação há entre a nossa pele, a nossa saúde e os raios que vêm do alto, durante o
dia? Por que, a cada árvore que cai, um pouco do nosso ar puro nos é furtado? É preciso
estabelecer ligações de tudo com tudo, como se nossa vida fosse - e realmente é - uma
imensa trama, uma imensa teia, onde a harmonia de um minúsculo inseto em frente à nossa
casa, quebrada pela poluição ou pelo desmatamento, ou o esguichar de um simples aerossol
na rua defronte, isso tudo pode ter efeitos acima daquilo que conseguimos supor, em
países tão distantes que talvez nunca venhamos a visitar. Viajando no tempo e chegando
até os dias de hoje, as lições dessa teia e os cuidados que devemos tomar para
assegurarmos bem-estar e saúde".
O desenvolvimento de um índice que medisse a quantidade de ultravioleta, dependendo da
região e do horário, ajudaria muito as pessoas a planejarem suas atividades ao ar livre,
evitando a exposição exagerada ao sol. Com base nisso, a Sociedade Brasileira de
Dermatologia - SBD, em parceira com o Departamento de Meteorologia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro - UFRJ, desenvolveu o Índice Ultravioleta, IUV, como parte do Programa
Nacional de Controle do Câncer de Pele. Este indicador integra o Programa de Educação
para a Proteção Solar e o Programa de Educação pela Mídia. Para o desenvolvimento
deste projeto, a UFRJ conta com o apoio da Associação Nacional de Municípios e Meio
Ambiente, a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e da Comissão Nacional de Atividades
Espaciais da Argentina.
De acordo com a SDB, o Índice de Ultravioleta (IUV), calculado com 24 horas de
antecedência, é um número que fornece o prognóstico diário da quantidade de
ultravioleta recebida pela superfície da Terra, durante a hora de máxima iluminação
solar, ou seja, em torno do meio-dia verdadeiro que, na maior parte do planeta, é o
período que vai das 11:30 às 12:30 horas, tendo sua validade para um intervalo que vai
das 10h às 15h, uma vez que os riscos de queimadura da pele pelo sol neste intervalo não
é muito diferente dos existentes ao meio-dia. A metodologia para cálculo do Índice
baseia-se na relação entre o ângulo em que está posicionado o sol nas diferentes
épocas do ano, as medições do ozônio total, a latitude, a altitude em relação ao
nível do mar e a radiação ultravioleta. Também a presença de nuvens, de superfícies
refletoras (água, areia, neve, asfalto) e de smog (mistura de poluição com nevoeiro)
podem influenciar na medição do IUV.
Metas e Justificativas
para Implantação do IUV
Uma das metas do Programa Nacional de Controle do Câncer da Pele é dispor de
estatísticas confiáveis, visando um trabalho mais específico e dirigido. De acordo com
a SDB, os 100.000 novos casos de câncer de pele divulgados no Brasil são relacionados
apenas ao conhecimento que se tem a partir das suas atividades. "Podemos, no entanto,
estar falando também de um número superior a 100 mil novos casos se levarmos em
consideração o contexto global da sociedade brasileira". Eles informam que, nos
Estados Unidos, são mais de 1.200.000 novos casos ao ano, dos quais estima-se que, em
1999, 44.200 também tenham sido de melanoma, levando a morte aproximadamente 10.000
pacientes.
O objetivo é criar, na população, "a consciência e os conhecimentos sobre o
câncer da pele, com eventual mudança nas atitudes, crenças e comportamentos que afetam
o risco individual para esta doença". No longo prazo, o projeto tem por meta reduzir
a incidência e mortalidade por câncer da pele. O programa, de acordo com a SDB, sempre
irá atuar de acordo com as diferenças regionais e individuais, respeitando o contexto
social, cultural e étnico da população brasileira.
A SBD defende o seu projeto baseada no fato de que "O crescimento que vem se
verificando nestes últimos anos no número de casos de câncer da pele, levou diversas
entidades americanas (entre elas a Academia Americana de Dermatologia) à adoção de
medidas preventivas e, sobretudo educacionais voltadas para a criação de novos hábitos
relacionados à exposição à luz solar, que é a principal causa do câncer da
pele". Entre as medidas preventivas e educacionais adotadas nos Estados Unidos, a SDB
relata a criação, em 1994, da previsão do Índice de Ultravioleta (IUV), distribuído,
em nível nacional, à imprensa daquele país. Depois disso, conta a SDB, os países do
continente europeu, o Canadá e a Austrália aderiram à divulgação do IUV com
resultados que, agora, a anima a adotá-lo também no Brasil.
Esta posição fica ainda mais reforçada diante dos resultados de uma pesquisa realizada
pela Academia Americana de Dermatologia, que verificou a eficácia desta iniciativa nos
Estados Unidos. Segundo esta Academia, das 169 estações de televisão que receberam o
índice, 71% o divulgaram, enquanto que 61% dos jornais das 58 maiores cidades americanas
também o fizeram. Eles também ouviram 700 pessoas na pesquisa, e 64% disseram que
tomaram conhecimento do IUV. Destes, um terço afirmou ter mudado atitudes e
comportamentos em relação à exposição à luz solar. Dentre os que mudaram seus
comportamentos, 71% disseram que passaram a evitar a exposição solar quando o IUV estava
alto.
Funcionamento do IUV
O prognóstico do IUV leva em conta vários passos que precisam ser dados. Inicialmente,
eles estimam os valores de ozônio projetados para o dia seguinte, utilizando as
medições da coluna total do ozônio nos dias anteriores, realizadas pelo sensor TOMS
(Total Ozone Monitoring Spectometer) da NASA, que monitora a Terra por satélite. Depois,
calcula-se a máxima radiação ultravioleta que chega à superfície da Terra em
condições de céu claro ao meio-dia, o que significa a quantidade máxima de exposição
possível em um determinado local.
Os valores obtidos são expressos em HectoJoules por metro quadrado (Hj/m2), numa escala
de 0 a 10+ e relacionados com o nível de exposição (risco de queimadura solar) que pode
ser utilizado para explicar a intensidade de cada valor do índice. Com isso, é possível
fornecer uma previsão diária do risco esperado da exposição exagerada ao sol. Temos
daí o Índice Ultravioleta, ou IUV, calculado com base no dia seguinte para as capitais
brasileiras, levando em conta ainda nuvens e outras condições locais que afetam a
quantidade de radiação que atinge a superfície da Terra em diferentes partes do país.
Junto com o IUV será divulgado, a cada dia e para cada localidade, os tempos máximos de
exposição ao sol, a partir do qual a pele poderá iniciar a queimadura solar.
Os tempos de exposição solar também variam de acordo com os fototipos da pele. Com base
nas tabelas fornecidas, o primeiro passo para o usuário é classificar o seu tipo de
pele, depois procurar o IUV da sua localidade e relacionar o tempo a partir do qual
poderá ocorrer o risco de queimadura.
Copyright © 2002 Bibliomed, Inc. 26 de Dezembro de 2002.
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